No coração do Pantanal mato-grossense, onde a tradição caminha lado a lado com a natureza, a produção pecuária sustentável ganhou mais um capítulo de destaque nacional. O presidente do Sindicato Rural de Cáceres, Aury Paulo Rodrigues, foi reconhecido no quadro Giro pelo Brasil, exibido nesta terça-feira (22) no programa Giro do Boi, ao apresentar um lote de novilhas de alto desempenho, criadas com manejo responsável e excelência genética.
Direto da tradicional Fazenda Boa Vista, em Cáceres (MT), Aury levou ao frigorífico Friboi de Araputanga um lote de 170 novilhas que impressionou pela uniformidade e rendimento. Os animais alcançaram um peso médio de carcaça de 225 quilos — o equivalente a 15 arrobas — demonstrando que, mesmo em um bioma desafiador como o Pantanal, é possível produzir carne de qualidade com responsabilidade ambiental e eficiência.
Mais do que números, o feito reforça o compromisso do produtor pantaneiro com a produção sustentável. E, no caso de Aury, esse compromisso é vivido em família, com o olhar voltado para o futuro. "Tenho um filho de 37 anos, formado em Administração com foco no agronegócio, que hoje toca praticamente todo o nosso sistema produtivo. E outro, de 21, que faz Agronomia e já participa ativamente das decisões. Isso é sucessão familiar. É garantir que o conhecimento acumulado e o respeito ao nosso bioma sigam sendo aplicados e aprimorados pelas próximas gerações", destaca.
Com mais de 40 anos dedicados à pecuária em Mato Grosso — sendo 25 deles à frente da atividade na Fazenda Boa Vista —, Aury adota um sistema produtivo baseado na recria e terminação de novilhas a pasto. “As novilhas são recriadas no pasto por cerca de nove a dez meses. Nos últimos 60 dias, entram em suplementação também a pasto. Nós não trabalhamos com confinamento. Nosso objetivo é garantir terminação, acabamento e uma cobertura de gordura ideal para alcançar carcaças com qualidade”, detalha o pecuarista.
A produção acontece em um cenário particular: Cáceres tem cerca de 30% do seu território localizado no bioma Pantanal. “Esses animais viveram dois terços da vida no Pantanal. O terço final é em propriedade mais alta, próxima do Pantanal.
Outro destaque do sistema utilizado na Fazenda Boa Vista é o modelo de terminação adotado: cerca de 70% dos animais são terminados no sistema de TIP (Tratamento Intensivo a Pasto), exceto no final do período das secas. “Nesse momento, fazemos o sequestro dos animais na terminação, sendo esse um sistema exclusivo da Fazenda Tarumã”, acrescenta o presidente do sindicato.
Quem acompanhou de perto os resultados desse manejo foi o originador Rodrigo Rebuli, da unidade da Friboi de Araputanga. “Cáceres segue sendo um berço da bezerrada pantaneira, e exemplos como esse mostram que a região também sabe entregar resultado na hora do abate”, afirmou.
Liderança reconhecida no setor, Aury é associado ao Sindicato Rural de Cáceres há mais de quatro décadas e está à frente da presidência da entidade desde 2023, em um mandato que vai até 2027. “Ser presidente de sindicato é uma doação. Não tem salário, não tem remuneração. É uma dedicação ao setor. E para conciliar com as atividades da fazenda, conto com o apoio da minha família, principalmente dos meus filhos”, conta.
A atuação de Aury à frente do sindicato reforça a importância da participação dos produtores nas entidades que os representam. “O Sindicato é a casa do produtor. É onde a gente busca apoio, informação, capacitação e representação. É ali que a nossa voz ganha força”, afirma ele, defensor do fortalecimento institucional da agropecuária brasileira.
O exemplo da Fazenda Boa Vista, agora repercutido em rede nacional, é um estímulo para que mais pecuaristas invistam em sucessão familiar, boas práticas de manejo e no engajamento com as entidades do setor. A história de Aury Paulo Rodrigues inspira e mostra que o Pantanal não é só beleza natural — é também produtividade com responsabilidade, união da família no campo e orgulho da pecuária brasileira.