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Roberto da Silva, o pantaneiro raiz que celebra 100 Anos de idade
Por Zakinews
24/07/2025 - 10:05

Foto: reprodução Zakinews

É hoje, 24 de julho de 2025, o centenário do Robertinho, como é carinhosamente chamado.

(Robertinho com seus cinco filhos – Foto: álbum de família)

Em um mundo que celebra a pressa, a vida centenária de Roberto da Silva, nascido em 24 de julho de 1925, em Cáceres, emana uma serenidade e vitalidade admiráveis. Em sua residência no bairro Cohab Nova, em Cáceres/MT, este “pantaneiro raiz”, ex-militar e cozinheiro de tropa, brindou a chegada de seu centenário com uma lucidez invejável, saúde robusta e a companhia de uma família numerosa, que se estende por gerações.

Filho de Rozendo da Silva e Vitória Espinosa, Roberto é a própria personificação da resiliência pantaneira. Embora hoje se defina como um “pantaneiro raiz que evoluiu com os anos”, suas raízes estão fincadas nas vastas planícies alagadas. Aos 18 anos, em 1943, sua vida tomou um novo rumo ao ingressar no Exército. Foi no “racho”, a cozinha militar, que ele aprimorou suas habilidades culinárias, tornando-se um mestre em caldos, o famoso “ensopadão de carne e mandioca”, e na rica “feijoada pantaneira”, pratos que ainda hoje trazem sabor às memórias da família.

A vida de Roberto foi marcada por viagens e adaptações. Após a partida de sua amada esposa, Cecília da Rocha Silva – nascida em Cáceres e falecida em 1997 –, com quem teve nove filhos, dos quais Lurdes, Eduardo, Sofia, Davi e Fátima estão vivos hoje, ele iniciou uma jornada entre seus herdeiros. Morou por um período com uma filha e neto em Campo Grande e, em seguida, passou uma década em Cuiabá, na companhia de outro filho e filha. Há 13 anos, encontrou seu porto seguro em Cáceres, ao lado da filha Sofia, no bairro Cohab Nova. Apesar da idade, o centenário ainda mantém o espírito aventureiro, realizando viagens frequentes para visitar os familiares em Campo Grande e Cuiabá. Com 24 netos, 38 bisnetos e 10 tataranetos, Roberto da Silva é um elo vivo com o passado e o futuro.

(foto reprodução)

Questionado sobre o segredo de sua longevidade, a família aponta para uma combinação de disciplina e hábitos peculiares. Desde os 30 anos, Roberto tem o costume diário de tomar guaraná ralado em pó. Sua rotina é regrada: ele inicia o dia com o guaraná, descansa e retorna para “saudar o sol” ao amanhecer, um ritual que mantém há décadas. O café da manhã inclui dois ovos caipiras com banana cozida ou gemada, que ele credita como um dos segredos de sua vitalidade. Vaidoso, toma banho sozinho e, com um toque de humor e carinho, “se perfuma para dormir, pois diz que se morrer dormindo quer estar cheiroso”. Sua mente se mantém ativa com a fé, assistindo diariamente à missa de Aparecida na TV e ao terço do Padre Zé Maria, de segunda a sábado. E, em uma demonstração de sua plena lucidez, ele ainda desfruta de uma cerveja e um vinho aos finais de semana.

Roberto da Silva é um guardião de memórias. Suas histórias fascinam: desde a emocionante chegada do primeiro avião a pousar no Rio Paraguai, em Cáceres, até a assustadora picada de uma jararaca que o deixou caído no Pantanal, onde teve que lutar pela vida. Ele narra com detalhes as comitivas de boiadas que cruzavam o Mato Grosso, passando por fazendas lendárias como a Ressaca e a Jacobina. Mais do que contar, ele transmite valores: a educação dos pais, o respeito aos mais velhos, a bênção aos mais novos e o amor incondicional pelo Flamengo, seu time do coração, para o qual faz orações fervorosas antes dos jogos.

(foto reprodução)

No bairro Cohab Nova, Roberto é uma figura adorada. Os vizinhos o veem como um “exemplo de vida”, sempre o presenteando com ovos caipiras e bananas, em uma demonstração de carinho e reconhecimento. Sua capacidade de se modernizar e aceitar o novo é notável: desde usar o celular para falar com os filhos até o respeito às orientações médicas. Mensalmente, profissionais da UBS Cohab Nova o visitam e se impressionam com sua memória vívida, com a qual ele detalha a infância e a própria história de Cáceres.

Roberto da Silva é mais do que um centenário; é um elo vivo com o passado do Pantanal e um presente para todos que têm a sorte de ouvi-lo. Sua vida é a prova de que disciplina, uma mente ativa, boas histórias e o carinho familiar são ingredientes essenciais para uma jornada longa, plena e inspiradora.

(Robertinho é apaixonado pelo Flamengo – Foto: Álbum de família)

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