Câmara não autoriza viagem do prefeito à África do Sul
Por Diário de Cáceres/Clarice Navarro Diório
01/04/2013 - 22:55
Cinco vereadores -Edmilson Campos(Café no Bule), Manoel Félix, Tarcísio Paulino, professor Salmo e Cabo Pinheiro, votaram contra, na noite de hoje, à viagem internacional que o prefeito Francis Maris Cruz faria no período de 06 a 15 próximo. Ele iria, por sua conta, a uma viagem cultural à África do Sul, como empresário. A viagem estava agendada desde 2012.
Inicialmente, a Comissão de Justiça da Câmara, presidida por Félix, deu parecer informando que a viagem era constitucional e legal. Mas tanto ele como o relator da comissão, o vereador Edmilson Campos, usaram a tribuna para defender que é uma viagem imoral, no caso, por ser desnecessário a um município que passa por um estado de caos -ruas esburacadas, salários do servidores públicos municipais atrasados, postos de saúde sem médico e remédios, crianças sem sala de aula.
Em vão, o líder do prefeito, vereador Edmilson Tavares, tentou convencer os colegas que mesmo viajando como empresário e não como prefeito, seria mais uma oportunidade de divulgar o nome de Cáceres, assim como da vice-prefeita Eliene Liberato Dias substituí-lo e mostrar bons serviços. "Precisamos de diálogo"-disse ele, que recebeu algumas vaias da platéia. Também o vereador Marcinho Lacerda, do mesmo partido do prefeito (PMDB), pregou o consenso. "Não precisamos de politicagem. É uma viagem necessária a ele, e ele mesmo expôs isso hoje a cada vereador". Em vão. Viagem vetada.
O vereador Salmo soube resumir bem o assunto ao afirmar que a viagem havia se tornado um assunto político. "Entendo que o prefeito é um grande empresário, mas o assunto virou política por ele não manter diálogo com ninguém, e no contexto atual, é uma viagem desnecessária".
Félix Alvares afirmou que o prefeito, em 90 dias de mandato, foi a Câmara hoje, pela primeira vez, para procurar dialogar com os vereadores e, ainda assim, por interesses particulares. Já Tarcísio Paulino afirmou que enquanto não houver integração com os servidores, haverá problemas. Edmilson Campos, por sua vez, disse que Cáceres é hoje um barco a deriva, sem comandante. E que o município precisa deste comandante mais presente. "Cáceres precisa do prefeito aqui. A África não precisa dele lá".
A sessão ocorreu com o plenário tomado por servidores, descontentes, segundo eles, com a forma grosseira e sem respeito como vem sendo tratados pelo prefeito.
No plenário, estava também boa parte do secretariado de Francis. A secretária de Educação, Nelci Longhi, disse que o prefeito está adotando medidas duras,moralizando o serviço público, e isso tem incomodado parte do funcionalismo. Neto Gouveia, secretário de Governo, afirmou que o prefeito é um administrador, mas que realmente tem o hábito de falar o que pensa, de forma dura. Seria o caso de equilibrar as declarações e abrir o diálogo com os servidores?-perguntou a reportagem. "Sem dúvida seria o caminho"-respondeu o secretário, a quem coube a tarefa de ligar para o prefeito dando o resultado negativo da votação.
Nesta terça-feira, 02, às 9 horas, Francis Maris atende a convocação dos vereadores para prestar esclarecimentos sobre o impasse criado por suas declarações sobre os funcionários, durante uma entrevista dada a uma emissora de rádio local e a um jornal da capital.