Cerca de 3 mil protestam em Cáceres
Por Diário de Cáceres/Clarice Navarro Diório
20/06/2013 - 21:04
"A juventude de hoje representa a voz, o grito de BASTA da sociedade aos abusos do poder, a roubalheira e a cafajestice dos políticos. É também uma resposta queles que alimentam e exploram ideias que relacionam juventude a alienação, ao hedonismo, ao consumismo, as drogas e a violência."Assim se expressou a professora doutora Maria do Horto Sales Tiellet, que dá aulas de Filosofia na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), após o Ato de Indignação tomou as ruas centrais de Cáceres. Na estimativa da Polícia Militar, foram cerca de 3 mil participantes.
Professores da Unemat e de outras instituições, Ministério Público, ativistas culturais, clubes de serviço, movimento pela MT-343 e estudantes. Muitos estudantes, mostrando a cara, pintada ou não, empunhando bandeiras e cartazes, e com palavras de ordem como: "o povo uniu, o povo decidiu, ou para a roubalheira ou paramos o Brasil".
A manifestação saiu da Praça de Eventos da Sematur por volta das 18 horas, percorreu o centro e foi para a concha acústica do campus Jane Vanini, da Unemat. O ato foi coordenado por estudantes, e foi um exemplo de cidadania. Eles inclusive saíram do trajeto original, evitando passar em frente a UTI Neonatal do Hospital São Luiz.
Não foi registrada nenhuma ocorrência, nem tumulto ou vandalismo. Nas esquinas, policiais militares parados acompanhavam atentos, sem interferir. Na retaguarda, viaturas da PM e do Corpo de Bombeiros.
Além de manifestantes caminhando, muitos acompanharam de carro, moto, bicicletas e até de skate.
Entre os manifestantes, o frei Mateus, do Colégio dos Freis (Instituto Santa Maria), fez todo o trajeto. Sempre com pensamento de vanguarda, ele é estimado por gerações que passaram pelo ISM. Há 20 anos, quando um colégio de Cuiabá proibiu um garoto de assistir aulas usando brincos, ele, que era diretor do ISM de Cáceres e tinha um aluno que usava o adereço, disse em uma entrevista: "os índios usam. A opção é de cada um e não interfere em nada, muito menos no aprendizado".
A manifestação de Cáceres, a exemplo das ocorridas em Cuiabá, em outras cidades interioranas e no resto do país, mostra que os cara pintadas estão de volta, depois de derrubarem um governo e constatarem que com o passar dos anos a situação política do Brasil voltou ao caos. Reforma política, Saúde, Educação de Qualidade. Os jovens mostram que além do grito na garganta eles tem propostas. Não se iludem com obras faraônicas destinadas a um país que, sem estrutura básica, vai sediar uma Copa do Mundo de Futebol, enquanto um brasileiro vivendo na linha da miséria demora meses para conseguir marcar uma consulta médica através do Sistema Único de Saúde.Um país onde um professor ganha salário com o qual mal sobrevive.Querem que a população tenha apenas o que tem direito: qualidade de vida, dignidade. Estudantes atentos que sabem que a Educação é o caminho para a cidadania plena.