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'Agora posso comemorar', diz pai de 'mendigo gato'
Por G1
10/08/2013 - 10:27

Foto: G1
"Ninguém pode imaginar o que eu fiz e o que eu passei para tentar livrar o meu filho do mundo das drogas", conta José Nunes da Silva, pai do jovem que ficou conhecido como o 'mendigo gato' de Curitiba. Depois de se envolver com as drogas, Rafael Nunes morou nas ruas da capital paranaense por um ano. Desde 2012, ele passa por tratamento em uma clínica em Araçoiaba da Serra, em São Paulo. Emocionado, o pai desabafou ao G1 e lembrou dos momentos ao lado do filho e da família até conseguir o tratamento. "Foi um período de muito sofrimento. Mas agora, sim, eu posso comemorar o meu dia e, o melhor de tudo, sabendo que, em breve, terei toda a família unida, como éramos há muitos anos", afirma José. Rafael começou o tratamento em outubro, quando ficou famoso ao ser fotografado em frente à Catedral Basílica de Curitiba por uma turista gaúcha. “Quando chegavam as datas comemorativas como esta, por exemplo, era quando a saudade falava muito mais alto. Natal e Ano Novo, então, eram sempre de muita mágoa. Nós ficávamos na expectativa de juntar toda a família, mas era inútil. A união tinha sido eliminada pelas drogas”, lembra o pai. José tem 55 anos e mudou-se com a família de Sinop, no Mato Grosso, para o Paraná em 2006. Pouco tempo depois, perdeu a visão em virtude de problemas relacionados à diabetes. Desde então, ele precisou se aposentar e vive em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, com a esposa e uma filha. Rafael começou a se envolver com as drogas aos 14 anos por influência do irmão mais velho, que também ficou internado e, atualmente, se considera "curado", segundo o pai. O restante da família mora no Rio Grande do Sul e nunca soube do problema das drogas. "Eu tinha vergonha de contar que meus filhos eram usuários. Nossa família sempre foi tida como unida e correta. Simplesmente não tinha coragem de contar para os outros", relata. O aposentado ainda comentou que, em virtude disso, costumava mudar de cidade constantemente. Para ele, Rafael perdeu uma fase importante da vida – a adolescência. "No começo nem tanto porque ele ainda trabalhava e fazia fotos como modelo, mas com o passar dos anos ele perdeu a cabeça. Nós também perdemos uma fase da nossa vida porque ficávamos o tempo todo pensando em ajudar e em livrá-lo do problema. Foram noites mal dormidas e dias que não passavam nunca. Ninguém de nós tem boas lembranças desse período”, ressalta o pai. "A droga leva as pessoas a se tornarem desumanas, desleais, desonestas e até mesmo covardes", afirma José. "Rafael foi tudo isso comigo, mas eu nunca o culpei por nada disso porque eu sou pai. O verdadeiro pai é aquele que corrige, compreende e ajuda, mesmo nos piores momentos", declara. Em uma das situações, José chegou a ser agredido por Rafael “Eu nunca tive medo dele, mas fiquei apreensivo porque não enxergava. Ele me deu um chute no peito, tudo porque queria dinheiro para comprar droga. Eu estava no quarto e caí em cima da cama”, conta. “Foi uma humilhação, fiquei triste, muito triste”. Arrependimento Perto do prazo final do tratamento, Rafael conversou com o G1 em uma entrevista intermediada, por email, pela assessoria de imprensa da clínica. Ele disse estar "pronto para viver em sociedade" e declarou estar arrependido do que fez e do que passou ao lado da família no período em que era usuário de drogas. “Acredito que, realmente, eu perdi boa parte da minha vida. Durante os 14 anos que eu consumi drogas e bebida alcoólica, eu tive dificuldade para me relacionar com meus pais, perdi amigos, não tinha mais convívio social. Perdi a naturalidade de ser e de viver em harmonia com as pessoas”, afirma. O jovem admitiu que algumas ações agressivas, realmente, aconteceram. "Ora por efeito das drogas, ora por falta delas, que consiste na abstinência. Mas eu acredito que a pior agressão, com certeza, foram as palavras.” "Mesmo longe, eu sempre visualizava toda a minha família reunida, porque sempre foi assim. Eu sempre quis voltar para casa, mas, na maioria das vezes, eu estava longe, em lugares distantes. Além disso, por conta do efeito das drogas, eu mudava de opinião a toda hora”, argumenta. “Meu pai, minha mãe e meus irmãos significam tudo para mim. Acredito que só cheguei até aqui, pelo amor e carinho que eles nunca me negaram e por acreditarem que eu poderia sair daquela vida", ressalta. Vida nova O tratamento de Rafael está previsto para terminar até o fim de agosto, segundo a assessoria de imprensa da clínica. Após a alta, ele declarou que pretende retornar para a casa dos pais. "Afinal, já faz dois anos que estou longe deles. Acredito que eles me auxiliarão nesse processo", conta. Sobre o futuro, Rafael conta que pretende se casar e constituir uma família. "Tenho 31 anos, acredito que tenho muita coisa para fazer. Quero me firmar profissionalmente como modelo e voltar para os estudos”.
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