Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Rio Paraguai está morrendo, alerta Ibama
Por Ico Vitório/Correio do Estado
03/09/2013 - 21:03

Foto: divulgação/Ibama
O Rio Paraguai está à beira da morte e, se nada for feito nos próximos dois anos, terá o mesmo destino do Taquari. Os danos ambientais são visíveis neste período de estiagem, apontando um fim melancólico para o rio que dá origem à Bacia do Alto Paraguai. O assoreamento avança com a formação de enormes bancos de areia e obstrução do seu canal natural. Desmatamento nas cabeceiras dos afluentes, assoreamento, pesca predatória, erosão das margens provocada pelo turbilhonamento das barcaças carregadas de minério de ferro foram constatados em vários pontos pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (Ibama), que vê necessidade urgente de criar no Pantanal do Nabileque – divisa entre Corumbá e Porto Murtinho – uma Unidade de Conservação. Com essa estrutura, será possivel construir uma base fluvial com patrulhas destacadas do Exército, Polícia Federal e Polícia Militar Ambiental, para amenizar e controlar impactos ambientais que a região vem sofrendo nos últimos anos pela falta de fiscalização. O que constatamos em todo esse percurso é um vazio, a ausência de fiscalização do governo brasileiro, afirma David, e continua “O que vemos aqui é a necessidade de uma fiscalização de faixa de fronteira mais forte por parte dos brasileiros. Para isso vamos buscar parcerias com o Exército, a Polícia Federal, a PMA e com autoridades diplomáticas do Itamarati em Brasília para que possamos atuar de maneira mais intensa em toda essa região”. Há uma semana, o Correio do Estado publicou reportagem alertando para os efeitos da pior estiagem dos últimos 34 anos que atinge a planície pantaneira e o Rio Paraguai. Segundo dados da Embrapa, que monitora ciclos de seca e cheia da planície pantaneira, desde o ano de 2007, o regime de chuvas vem ocorrendo abaixo da média anual e é possível constatar – através desse estudo – que o Pantanal enfrenta longo período de seca e que poderá agravar a pressão sobre os recursos pesqueiros. Durante dois dias, expedição do Ibama percorreu 410 quilômetros de extensão, navegando em alguns trechos em águas internacionais nas fronteiras com a Bolívia – ao norte – e o Paraguai mais ao sul, a partir de Corumbá até território de Porto Murtinho. No percurso, bancos de areia e queda de barrancos. Para se ter ideia, lancha do próprio Ibama, de apenas 19 pés, encalhou em dois pontos do percurso. Na mesma situação, estavam outras embarcações na região do Nabileque. “Agora não é mais só o Taquari que está assoreado”, diz David Lourenço, superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, um dos integrantes da expedição. Além do assoreamento do leito, segundo relatório do Ibama, outros trechos apresentam quedas de barrancos e desmatamentos de matas de carandás, palmeiras típicas da região. Afluentes A pressão dos desmatamentos das cabeceiras dos rios que formam a bacia do Paraguai também constitui agravante e já está comprometendo a navegabilidade do rio em toda a sua extensão, afirma Lourenço. “Toda a hidrovia já apresenta problemas”, diz ele. A movimentação intensa de chatas e dos comboios de rebocadores provoca turbilhonamentos que estão atingindo as margens do rio e provocando quedas de barrancos”. Do outro lado, por conta da seca, as mineradoras MMX e Vale do Rio do Doce anunciaram férias coletivas, a partir do início do próximo mês. O baixo calado do rio impede o transporte de minério pela hidrovia do Rio Paraguai. Ribeirinhos Outro motivo de preocupação para o Ibama é que os seis vilarejos existentes – todos do lado Paraguaio- localizados ao longo do trecho navegado vivem basicamente da pesca extrativista e estão colocando pressão indireta nos recursos pesqueiros dessa região, tornando claro que as denúncias da ocorrência de pesca predatória na fronteira brasileira procedem. É comum no período noturno pescadores paraguaios lançarem redes quilométricas em duas regiões: no Pantanal do Nabileque e na Foz do Rio Apa. A denúncia já existe há pelo menos duas décadas e chegou ao Itamarati em 2007 pelo ex-governador José Orcírio dos Santos, porém, a situação permanece sem controle do Governo do Paraguai. Minério O embarque e desembarque de minérios em Porto Esperança, por exemplo, causa preocupação aos técnicos do Ibama, que constataram movimentação de estoques de minério sem tratamento ambiental adequado. “há movimentação de minério provocando poeira nos vilarejos, afetando a qualidade do ar das populações residentes nessas áreas” afirma David.
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