Teremos eleições?
Por por Onofre Ribeiro
10/09/2013 - 10:40
“Se alguma coisa tem a mais remota chance de dar errado, certamente dará”. Essa é a famosa Lei de Murphy, uma espécie de contraponto à teoria do sincronismo, de Carl Yung, de que as coisas acontecem numa sequência inesperada. Ambas retratam o ambiente político no Brasil.
O Brasil vem numa série de fatos isolados que atormentam a tolerância da sociedade. Crescente carga tributária, burocracia insuportável, ineficiência crônica do Estado, cada vez pior e maiores os gastos públicos; a deterioração de setores estratégicos da sociedade como a justiça, a educação, a segurança e a saúde, o corporativismo do funcionalismo público, a completa deterioração dos partidos políticos, a deterioração e desvio de função do poder legislativo transformado em casas de despachos de negócios, a inexistência de políticas públicas para áreas fundamentais como o saneamento e outras políticas ambientais que não sejam apenas os serviços de fiscalização. A lista, contudo, é muito maior do que isso.
Para lado que o cidadão se virar vai encontrar o peso-morto do Estado brasileiro sufocando a sua vida, as suas atividades empresariais e roubando o tempo e o futuro das pessoas. Alienada, a sociedade brasileira acostumou-se a suportar essa sequência diluindo-a sobre a cerveja, as torcidas de futebol e uma apatia detestável. Os jovens acrescentaram a tudo isso a sua urgência e ansiedades estressadas diluindo-as através dos seus smart-phones, i-phones, tablets, i-pods e as redes sociais, além das baladas como sublimação da inexistência de futuro claro.
Esse ambiente negativo de um país cuja economia desce morro abaixo, repentinamente ganhou as ruas justamente pela mão dos jovens cujo futuro lhe é ameaçado pelo caos nacional. Manifestações de rua e a descoberta de alguns temas essenciais na sua visão de ética: corrupção, educação, saúde, copa do mundo, rejeição dos partidos e dos políticos.
De junho para cá, sinais lentos de reação no Estado, mas nada que mude esse plano geral de ruindade. Dentro disso tudo a reforma política e a reforma eleitoral para que haja clima de eleições gerais em 2014. Não há clima, a julgar pelo ânimo das ruas, anunciado para depois deste dia 7 de setembro.
Sem reformas, a representatividade, ferida de morte, compromete a democracia, o que é intolerável. Pode parecer cedo para esta tese, mas as eleições de 2014 estarão ameaçadas nesse ambiente de caos que se avizinha.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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