Quem falará por todos?
Por por Onofre Ribeiro
11/09/2013 - 11:30
Quem falará por todos?
O artigo desta quarta-feira passada, “Teremos eleições?” provocou algumas reflexões que vieram na forma de protestos veementes contra o que alguns chamaram de “golpe contra a democracia”. Imagino que golpe contra a democracia sejam os partidos políticos que não representam nada além de si mesmos, os mandatos que são forjados em cima de legislação eleitoral viciada, e das ações de Estado completamente desinteressadas do cidadão, que é o seu cliente financiador através dos impostos que paga obrigatoriamente.
Feito o desabafo, vamos ao tema de hoje. Os movimentos de rua começaram em junho sem um foco muito claro. Levantaram questões justas da educação, da saúde, da copa do mundo, da corrupção e dos partidos políticos. Como todo movimento no começo, faltou a construção do projeto final. Aliás, ainda não está construído e as manifestações continuam. Mas elas estão se focando gradualmente até um momento que não podemos prever ainda.
Porém, as instituições públicas e políticas continuam se recusando a fazer leituras do inconsciente coletivo que alimenta os descontentamentos mostrados nas manifestações de rua. Optaram por ignorá-las. Seguramente os movimentos estão comendo pelas beiradas a legitimidade do poder público e político. Desde junho as ruas não sossegaram mais e estão se aprontando para o confronto, conforme já dissemos aqui em outro artigo.
É de se esperar que o Estado e o mundo político ignorem até o último momento e saiam com uma besteira como aquela dita pela rainha Maria Antonieta com o povo francês às portas do seu palácio, miserável e com fome, exaurido pelos impostos da aristocracia: “se o povo está com fome, porque não come brioches?”. O resto a História nos contou. Mas no caso do Brasil, se do lado oficial ainda se acredita em brioches, do lado privado ninguém se mexe ou se mostra minimamente interessado nos cenários futuros além dos seus negócios.
Caso há uma reviravolta, não existe ninguém preparado dentro e fora do mundo político pra dar uma resposta mínima à sociedade brasileira. Não há líderes com voz, e nem movimentos ou qualquer tipo associativo capaz de assumir uma possível liderança em eventual travessia de caos que o país certamente enfrentará ainda nesse fim de ano e no ano que vem.
Não é o caso de se pensar a respeito?
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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