Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Missão Técnica Austrália e Nova Zelândia: produtores buscam tecnologia
Por Blog da Famato
30/05/2012 - 12:32

Foto: arquivo
Gestão eficiente na comercialização da carne e do leite foi uma das principais lições que os produtores e representantes da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e Sindicatos Rurais tiveram durante a Missão Técnica realizada na Austrália e Nova Zelândia entre os dias 2 e 16 de maio. O objetivo da viagem, que contou com a participação de 32 integrantes, foi trocar experiências e promover o treinamento das lideranças sindicais e das produtores rurais de Mato Grosso. Em relação à tecnologia de produção, segundo avaliação do presidente da Famato e do Senar-MT, Rui Prado, o Brasil não perde para os países visitados. No entanto, a agropecuária brasileira ainda precisa melhorar a comercialização de seus produtos. De acordo com ele, tanto na Austrália como na Nova Zelândia os produtores possuem uma maneira muito particular de lidar com os mercados. “Nestes países existem instituições e conselhos que trabalham exclusivamente para a venda dos produtos nos mercados interno e internacional. Eles se preocupam muito com a demanda do mercado. Produtores, indústrias e governos locais trabalham em conjunto para divulgar a qualidade da carne e do leite”, conta Prado. Na Austrália, por exemplo, boa parte do boi é comercializada em leilões, cujo funcionamento é bem diferente do Brasil. Os australianos vendem o gado de corte destinado ao abate pelo preço do quilo do animal e não por unidade de animal, como acontece no Brasil. Este modelo, conforme Prado, tem o objetivo de democratizar os preços. “É também uma forma de ‘premiar’ quem produz com qualidade, pois a qualidade de um boi é medida pelo peso do animal. A gente quer fomentar isso em Mato Grosso. A Famato não realiza leilão, mas pode fomentar este tipo de leilão, que premia a qualidade do animal, como na Austrália. Isso dará segurança tanto para o vendedor quanto para o comprador”, relata o presidente da Famato e Senar-MT. Nova Zelândia – O país possui um clima temperado e a pecuária é intensiva, principalmente focada na produção de leite. Já a Austrália tem o clima semi-árido e, por conta disso, a pecuária é extensiva. Na Nova Zelândia, os produtores avaliam muito as condições de pastagem para a alimentação do rebanho. Uma das tecnologias adotadas por lá e que chamou a atenção dos participantes da Missão Técnica foi a medição do volume de pastagem. “Existe um aparelho que consegue quantificar e medir a pastagem. Baseado na quantidade de pasto, o produtor consegue fazer a lotação dos animais na propriedade. Isso no Brasil não é uma tradição, não faz parte da nossa cultura, mas devemos nos empenhar nisso, porque a metodologia irá trazer benefícios para os animais e aos produtores”, informa o diretor de Relações Institucionais da Famato, Rogério Romanini. Agenda positiva – Após um encontro com representantes da Meet Livestock Australia (associação que faz a promoção da carne australiana ao redor do mundo), a Famato buscará ingressar num fórum internacional composto por vários países, entre eles o Canadá, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia e México. O fórum ocorrerá em setembro, nos Estados Unidos, e tem o objetivo de estimular o consumo de carne no mundo. A Famato é a entidade que representa os 86 sindicatos rurais de Mato Grosso. Junto com o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e o Senar-MT, forma o Sistema Famato. CRIAÇÃO DE CERVOS TAMBÉM TEM ESPAÇO NA NOVA ZELÂNDIA A Missão Técnica da Famato e do Senar-MT pela Austrália e Nova Zelândia termina nesta quarta-feira (16.05). Foram 15 dias de muito aprendizado para a equipe, que voltará para Mato Grosso com novidades para o setor da pecuária de corte e de leite. O grupo conheceu técnicas e tecnologias que poderão ser inseridas na produção local e ajudarão os produtores mato-grossenses a elevar a produção do estado. Neste momento, os integrantes da Missão estão a caminho do Brasil. Enquanto isso, conheça mais um pouco sobre a passagem pela cidade de Aushburton, na Nova Zelândia, neste relado do coordenador da equipe de Aprendizagem Rural do Senar-MT, Valter Bende. “Nossa passagem pela Nova Zelândia foi bastante dinâmica. Na cidade de Aushburton, visitamos algumas lojas de produtos para agropecuária, tratores e equipamentos, além de fazendas de criação de gado de leite e de corte. Um dos lugares que mais nos impressionou foi o Confinamento Ocean Beef. Este é o único confinamento à beira mar do mundo. Lá, vimos um dos poucos grandes confinamentos da Nova Zelândia.O empreendimento é uma Joint Venture de empresas japonesas e neozelandesas (espécie de uma associação de empresas) e tem capacidade estática para confinar 20 mil cabeças de cada vez. Atualmente, consegue confinar 35 mil animais por ano. Setenta por cento do comércio da carne vai para o Japão. A Ocean Beef tem sua própria marca de carne e o abate é feito em frigorífico próprio. Compram toda a matéria prima para o confinamento e, pelo que observamos, há vários elos nessa cadeia produtiva, desde o produtor de bezerro até o recriador terceirizado. Na compra do gado, pagam NZ$2,10 /Kg de peso vivo. O que chama a atenção é o alto nível de controle da alimentação através de um sistema que controla todos os equipamentos, inclusive a pá-carregadeira e o caminhão misturador. O bezerro entra com 400-450 kg e sai com até 850 kg, obtendo ganho médio diário de 1,75 kg. Também visitamos uma fazenda que integra a criação de gado com a criação de cervos. O senhor Mike, proprietário da fazenda, veio da Escócia para a Nova Zelândia há nove anos, depois de um processo de sucessão familiar em que as terras da família ficaram escassas. Ele nos contou que veio em busca de novas oportunidades em novas áreas. Comprou 1.500 hectares de terras mais baratas, pois estão próximas às montanhas, sendo que 2/3 da fazenda ficam morro acima. Depois de investir em pastagens e benfeitorias a propriedade possui a mesma capacidade de lotação das fazendas de terras planas. A criação de gado é normal, mas a de cervos é novidade, segundo o proprietário. Criação recente na Nova Zelândia, ainda não se tem muito conhecimento sobre o manejo dos cervos que ainda é considerado uma espécie não domesticada. Conter o cervo quando ele se sente ameaçado é bastante difícil. Por isso, o manejo exige muita paciência e cuidado.Segundo Mike, a rentabilidade do gado e do cervo são equivalentes, entretanto, o preço do mercado do gado é de NZ$4,00 (preço de carcaça) o do cervo é de NZ$7,00. O principal mercado do cervo é a Europa, especialmente a Alemanha. O couro vai para a Itália, onde é utilizado na fabricação de produtos de alto valor e o chifre vai para a Coréia do Sul, por ser considerado pelos coreanos um produto afrodisíaco. Com certeza aprendemos muito nesses dias de imersão na pecuária de corte e de leite na Austrália e na Nova Zelândia. Voltaremos para Mato Grosso com novas técnicas e tecnologias que ajudaremos a introduzir nas propriedades do estado”. A Missão Técnica Austrália e Nova Zelândia, realizada pela Famato e Senar-MT, começou no dia 02 de maio e se encerra nesta quarta-feira (16.05) . O objetivo da viagem foi promover o treinamento das lideranças sindicais e dos produtores rurais de Mato Grosso. EXEMPLO DE CONFINAMENTO ORGANIZADO A Missão Técnica na Austrália e Nova Zelândia está quase encerrando. Antes de darmos continuidade ao que a equipe da Famato, do Senar-MT e dos Sindicatos Rurais está aprendendo na Nova Zelândia, vamos saber um pouco mais sobre uma das visitas feitas na Austrália na semana passada. Lá, o grupo teve a oportunidade de ver perto o confinamento da fazenda Goonoo Feedlot (Farm & Station). A propriedade foi comprada pela empresa Australian Agriculture Company Limited – uma companhia inglesa que está instalada no país desde 1824 e, atualmente, possui 26 propriedades com um total de 600 mil cabeças de gado. Além do confinamento, a Goonoo Feedlot também cria gado a pasto e produz grãos. A capacidade de confinamento instalada é de 17.500 cabeças e, atualmente, confina 16.500, sendo 15.000 cabeças da raça Wagyu (considerada a carne mais cara do mundo) e 1.000 da raça Brahma. Para o rebanho a pasto são utilizados 18.200 hectares somente para a recria dos animais. Aproximadamente 12 mil cabeças são mantidas nessa área, média de 1 UA (unidade animal) por 1,5 hectare. No cultivo das plantas anuais são utilizados 1.420 ha. Deste total, 930 ha são irrigados para o cultivo de algodão. A irrigação é feita em gravidade por sulco. O serviço da lavoura é 100% terceirizado. Para o plantio são escolhidas áreas com fertilidade natural, onde a terra é preta e não necessita calcário e nem adubo. São trechos de terra de aluvião, rica em fósforo e minerais. Como não há preocupação com fertilidade do solo, os custos de plantio se concentram em sementes e defensivos para combater insetos e plantas daninhas. Na propriedade, a pastagem é formada principalmente pelo capim Buffel Grass que foi introduzido há 50 anos e ocupa 80% das extensões de pasto. Nesse meio século, desde que foram semeadas, as pastagens não receberam nenhuma reforma ou adubação. Em relação a alimentação dos animais, o sal mineral está fora do cardápio. Dependendo do preço dos grãos e do mercado da carne, o rebanho recebe suplementação de proteína no cocho. No caso desta fazenda, a principal fonte de suplementação é o caroço de algodão. A ração é produzida na propriedade e é composta por vários materiais, entre eles o sorgo, caroço de algodão, trigo, cevada, milho, silagem de milho e casquinha de milho. O detalhe curioso é que a ração sofre um cozimento no vapor antes de ser colocada nos cochos. A alimentação se dá no período entre 10h e 15h. São utilizados sete tipos de ração, conforme a idade dos animais, visando a melhor performance de ganho de peso diário. A composição das rações para o gado que se aproxima da terminação tem maior percentual de grãos que as iniciais, chegando a 54% de grãos na fase final. UMA AULA SOBRE AS MODERNAS TÉCNICAS DE MANEJO E ADMINISTRAÇÃO Neste post, o coordenador da equipe de Aprendizagem Rural do Senar-MT, Valter Bende, conta sobre a visita que a equipe da Missão Técnica da Famato e do Sernar-MT fez na fazenda Falstone Dairies Ltda, em Methven Town, na Nova Zelândia. A proprietária da fazenda, Natalie Davidson, mostrou que não brinca em serviço. Veja só. “Faz 10 dias que saímos do Brasil, mas, aos poucos, parece uma eternidade. Visitamos a fazenda do casal Hamish e Natalie Davidson. A Natalie nos recebeu trajando macacão e botas que são usadas na ordenha. Na maioria das fazendas aqui da Nova Zelândia, a família do proprietário trabalha e coloca a ‘bota no barro’, literalmente. Natalie nos deu uma verdadeira aula sobre as mais modernas técnicas de manejo e administração. Os produtores ficaram encantados com o conhecimento técnico da proprietária e a maneira extremamente criteriosa de manejar o rebanho. Natalie não tira férias, mas os empregados sim. Aqui o patrão também precisa trabalhar o ano inteiro. O marido de Natalie, o Sr. Hannish, está na China fazendo cursos. Enquanto isso, ela toca a propriedade sozinha. Também falou conosco Jereny Casey, um proprietário daqui, mas que também possui fazenda no Brasil. Perguntamos se ele ganha mais dinheiro aqui ou no Brasil. A resposta foi simples, clara e direta: ‘Se utilizo no Brasil as técnicas que usamos aqui ganho muito mais dinheiro no Brasil, o dobro de rentabilidade. É só usar irrigação de pastagens, pastejo rotacionado, animais selecionados, adubação de pastagens e racionalidade no manejo’”. TÉCNICAS UTILIZADAS NO MANEJO DO GADO NA AUSTRÁLIA SERVEM DE EXEMPLO PARA MATO GROSSO Durante a passagem da Missão Técnica da Famato e do Senar-MT pela Austrália, os integrantes visitaram algumas fazendas de produção de gado de corte. O vice-presidente da região III da Famato, João Oliveira Gouveia Neto, comenta no vídeo no final da matéria sobre as técnicas de produção de gado de corte utilizadas pelos produtores australianos e que servirão de exemplo para Mato Grosso.
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