O teu sorriso
Por por Guilherme Vargas
06/11/2013 - 16:35
As palavras não se juntaram com a mesma coerência. A percepção dos que estavam ao redor era deficitária. O tempo contou diferente: Tudo aquilo que era lembrança se tornou vivo. Vida! Que se foi. Mas continua. Uns lá; outros cá.
Um tênue véu separa, entre lá e cá. Fino véu, este, mas transpô-lo [...] Ah!..
As lembranças. Lembrei que ainda muito jovem minha mãe perguntou o que faria (ensino superior): -Jornalismo. Eu, criança, perguntei: -Você quer apresentar o Jornal Nacional? De resposta, o teu sorriso.
Muita gente foi se despedir. Colegas de trabalhos. Colegas de escola e de faculdade. Pessoas que conhecia pelas diversas formas de sorrir que ela tinha. Família; famílias. Em três pessoas me vi caído de emoção. Julie Fernanda Labaig, jardim de infância, escola, faculdade, pós, concurso, juntas; doeu. Edna Pedro, de braços dados saiam sorrindo, uma risada para responder a risada da outra, juntas; doeu. Glaucia Amaral, irmã, que sempre vi juntas aqui em minha casa, pela amizade que sempre tiveram com minha irmã, Anapaula, com Eliane Olimpio, com as demais amigas; doeu.
As minhas lembranças de várias de você: politizada, sorridente, bonita, educada... Sem coesão, nem coerência... sem saber noticiar e mesmo agora, com dificuldade de redigir, a emoção de te considerar ali, de tentar entender o que aconteceu, me fez assim, obtuso.
Seus pais nos preocupavam. Mas sua mãe traduziu em emoção pura o coração dilacerado que tínhamos naquele momento, diante das flores e do caixão. E como foi forte, como foi mãe para se preocupar conosco. D. Célia nos perfurou de emoção. A certeza do reencontro. A certeza do reviver. A dor nos fez desabar, porque mostrou que precisamos nos resgatar. Porque mostrou quento você é amada, Elaine.
Professor. Amigo.