Por improbidade administrativa na gestão dos recursos repassados pelo governo do Estado - R$ 37,5 milhões somente este ano - médicos e responsáveis pela organização social que administra Hospital Regional de Cáceres foram denunciados pelo Ministério Público Estadual. Os integrantes da Associação Congregação de Santa Catarina, OSS que desde outubro de 2011 administra a unidade hospitalar, são acusados de direcionar, irregularmente, pacientes de Cuiabá e Várzea Grande para a realização de cirurgias em Cáceres, com o objetivo de “aumentar a produtividade e auferir lucros”. As investigações apontaram que entre novembro de 2011 e março de 2012 foram realizadas em Cáceres 479 cirurgias ortopédicas. E ainda, que houve aumento no número de pacientes com reclamações de lesões ocasionadas pela pressa na realização dos procedimentos cirúrgicos e liberação dos pacientes para abertura de mais vagas. Dois promotores de Justiça, um de Cáceres e outro de Várzea Grande, com o apoio de equipes do Gaeco, apuraram o caso. De acordo com o MPE, as acusações têm origem em relatos dos próprios funcionários do hospital. De acordo com o Ministério Público, pacientes que deveriam ser submetidos a procedimentos cirúrgicos em outras localidades do Estado recebiam alta indevidamente e eram encaminhados para, por conta própria, se apresentarem no Hospital Regional de Cáceres, onde as cirurgias eram realizadas. Sem respeitar a fila de regulação do SUS, os profissionais de saúde envolvidos acabavam recebendo a remuneração correspondente ao atendimento em outras cidades e complementações a título de produtividade em Cáceres. Os promotores pedem, liminarmente, o afastamento do quadro funcional do hospital dos dois médicos que estariam à frente do esquema: Walter Tapias Tetilla e Domingos Sávio Pedroso de Barros. A ação também aponta outras quatro pessoas, que são os médicos Túlio Marcos Casado da Silva e Orlando Galetti Júnior, proprietários das empresas SCOT (Serviço Cacerense de Ortopedia e Traumatologia Ltda) e MED Cáceres (Serviço de Cirurgia Geral Ltda), além do administrador Idelvan Ferreira Macedo e o diretor geral do Hospital Regional de Cáceres, Antonio Fontes. A reportagem não conseguiu fazer contato com a assessoria da OSS. Em Cuiabá, a equipe da Secretaria Estadual de Saúde (SES), órgão ao qual o hospital está vinculado, disse que não recebeu notificação e o secretário, Jorge Lafetá, está viajando.