'Se a população e o poder público não agirem, teremos mortes por dengue em Cáceres'
Por Diário de Cáceres com informações de Sinézio Alcantara
04/12/2013 - 09:44
Cáceres vive um surto de dengue, com dezenas de bairros registrando altos índices de infestação do mosquito Aedes aegypti. A situação, se não controlada, pode levar a população a vivenciar o que aconteceu há seis anos, quando o município registrou sete óbitos. "Se continuar assim, vai morrer gente". A declaração é da vereadora Valdeníria Dutra(PSD). Preocupada, ela afirma que o PAM-Pronto Atendimento Médico do município, não tem a estrutura necessário para atender a demanda, no caso de um epidemia da doença. A vereadora propôs e teve o apoio dos colegas, e a Câmara de Vereadores realiza no próximo dia 12, a partir das 19h, uma Audiência Pública para tratar da atual situação da saúde do município, tendo como foco principal a Dengue.
Segundo informa a Vigilância Sanitária Municipal, 42,10% dos domicílios dos bairros Tancredo Neves e Jardim Solução, estão infestados do mosquito aedes aegypti, transmissor da dengue.
Outros bairros também estão em situação crítica: o Boa Esperança, com 40% de infestação e Massa Barro, com 30,03% , quadro quadro é considerado extremamente grave, que caminha para uma epidemia da doença. A preocupação aumenta com o início do período chuvoso.
A Organização Mundial de Saúde preconiza que o aceitável é a infestação de até 1%, quando o nível passa disso, já é considerado estado de alerta.
A situação de Cáceres é apontada como a pior do Estado, conforme dados do Ministério da Saúde. A média de infestação dos 45 bairros pesquisados é de 8%. “Alguns bairros estão absurdamente infestados” ressalta o coordenador da Vigilância Sanitária, Josué Waldemir de Alcântara, revelando que “esses registros são históricos para Cáceres, pois há muito tempo não se observava índices de infestação tão elevados e até mesmo fora do controle” diz informando que a coleta foi realizada entre os meses de outubro e novembro, através do Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti.
Além da falta de cuidado com o lixo, que facilita a proliferação do mosquito, em Cáceres o alto índice de infestação é atribuído a outros fatores, como por exemplo, a banalidade da doença pela população e a falta d’água em alguns bairros da cidade.
“Não é só mais o lixo o grande vilão da história. A população banalizou a dengue. E, além disso, muitas pessoas, para suprir a falta d’água agora possuem reservatórios a céu aberto que se transformam em verdadeiros criadouros do mosquito da dengue” diz Alcântara, acrescentando que, também faltou estrutura para um trabalho de prevenção mais efetivo.
“Neste ano, o poder público passou por dificuldades para uma ação mais efetiva de combate a doença. Faltou de material, logística, insumos e até recursos humanos. Por causa da greve, os agentes de saúde ficaram dois meses sem trabalhar” enfatizou.
De acordo com estatísticas da Vigilância Sanitária, de 1 de janeiro até a primeira quinzena de novembro, foram notificados 830 casos, dos quais 553 foram confirmados. 553 casos foram de dengue clássico e 2 com complicações, o que resultou em um óbito., de uma mulher que residia no Distrito da Sadia.
Mais uma vez, o coordenador lembra que a responsabilidade é de todos. Afinal, manter o quintal limpo e se livrar do "lixo da dengue", é tarefa do morador da casa ou do proprietário do lote.
O trabalho que vem sendo feito pelos agentes vai além da fiscalização: eles estão orientando moradores e autuando os que não seguem as orientações. No caso, um morador descuidado pode ser denunciado o Ministério Público por colocar em risco a saúde coletiva.
CUIDADOS PARA EVITAR A DENGUE
O Combate à Dengue é uma responsabilidade dos órgãos públicos e de toda população. O mosquito da dengue (aedes aegypti) se reproduz em qualquer lugar que houver condições propícias (água parada limpa ou pouco poluída). A conscientização da população e a tomada de medidas são de fundamental importância para a redução e, quem sabe, a erradicação desta doença do Brasil.
Medidas de Combate à dengue (para eliminar os criadouros e evitar a reprodução e proliferação do aedes aegypti)
- Não deixar água parada em pneus fora de uso. O ideal é fazer furos nestes pneus para evitar o acúmulo de água;
- Não deixar água acumulada sobre a laje de sua residência;
- Não deixar a água parada nas calhas da residência. Remover folhas, galhos ou qualquer material que impeça a circulação da água.
- A vasilha que fica abaixo dos vasos de plantas não pode ter água parada. Deixar estas vasilhas sempre secas ou cobri-las com areia;
- Caixas de água devem ser limpas constantemente e mantidas sempre fechadas e bem vedadas. O mesmo vale para poços artesianos ou qualquer outro tipo de reservatório de água;
- Vasilhas que servem para animais (gatos, cachorros) beber água não devem ficar mais do que um dia com a água sem trocar;
- As piscinas devem ter tratamento de água com cloro (sempre na quantidade recomendada). Piscinas não utilizadas devem ser desativadas (retirar toda água) e permanecer sempre secas;
- Garrafas ou outros recipientes semelhantes (latas, vasilhas, copos) devem ser armazenados em locais cobertos e sempre de cabeça para baixo. Se não forem usados devem ser embrulhados em sacos e descartados no lixo (fechado).
- Não descartar lixo em terrenos baldios e manter a lata de lixo sempre bem fechada;
- As bromélias costumam acumular água entre suas folhas. Para evitar a reprodução do mosquito, o ideal é regar esta planta com uma mistura de 1 litro de água e uma colher de água sanitária.
- Sempre que observar alguma situação (que você não possa resolver), avisar imediatamente um agente público de saúde para que uma medida eficaz seja tomada. (Fonte: Dengue: Diagnóstico, Tratamento e Prevenção
Autor: Souza, José Luiz de
Editora: Rubio)