Criadores mato-grossenses vão ao MP denunciar colapso no Indea
Por Diário de Cuiabá
17/12/2013 - 06:57
O procurador-geral de Justiça Paulo Roberto Jorge do Prado recebeu ontem, em seu gabinete, representantes das entidades pecuárias do Estado que apresentaram um relatório das deficiências enfrentadas pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT). Eles frisam que caso não sejam tomadas as providências devidas em prol do resgate e manutenção do órgão, o segmento teme um colapso de ordem sanitária, principalmente nas regiões de fronteira.
A classe produtora pediu a intervenção do procurador-geral de Justiça, Paulo Prado, para exigir do Executivo, o cumprimento de suas responsabilidades institucionais e legais na proteção da saúde do rebanho animal de Mato Grosso. Participaram do encontro membros da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrismat), Associação Mato-grossense dos Criadores de Ovinos e Caprinos (Ovinomat), Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT) e da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat).
Entre as deficiências, o segmento aponta a redução do orçamento destinado ao atendimento das necessidades do Indea/MT, que não possui as mínimas condições de trabalho. Vários programas sanitários estão sendo prejudicados, impossibilitando a realização da maioria das atividades inerentes aos serviços prestados pela autarquia, inclusive, com a falta de recursos para aquisição de material básico de atendimento às suspeitas de doenças infectocontagiosas suscetíveis ao rebanho do Estado, entre as de maior prejuízo econômico está a febre aftosa. Segundo Prado, os dados trazidos no relatório são extremamente preocupantes. “As informações são graves e poderão repercutir no cenário econômico do Estado. Vamos encaminhar toda documentação à Procuradoria de Justiça Especializada de Defesa da Cidadania e do Consumidor, que vai analisar junto com os representantes do setor, quais as melhores medidas a serem adotadas”, afirmou Prado.
PESO DA AMEAÇA - Conforme documento entregue ao procurador-geral, Mato Grosso se destaca como o maior produtor de carne bovina do país, com 29 milhões de cabeças. Ocupa ainda o segundo lugar no ranking dos exportadores de carne, sendo responsável, no ano passado, por quase 174 mil toneladas exportadas – equivalente a 18% das exportações brasileiras, que resultaram em US$ 5,76 bilhões em divisas para o país. Das 83 plantas frigoríficas aptas à exportação no país, 18 estão localizadas em Mato Grosso e têm em média abate mensal de 497 mil cabeças de gado.
Ainda em produção de carne, o Estado ocupa o 5º lugar em produção de cortes suínos e a 7º posição no ranking nacional em aves. Em 2012, as exportações mato-grossenses do complexo carne – bovina, suína e frango – alcançaram mais de US$ 1 bilhão. A conquista e a manutenção do mercado internacional para a carne mato-grossense depende da qualidade sanitária do rebanho. Para os produtores, o status de território livre de febre aftosa com vacinação e livre de Peste Suína Clássica (PSC), foi conquistado diante do trabalho do setor voltado à defesa sanitária animal.
CRÍTICA - No Estado, a vigilância e defesa sanitária animal é exercida pelo Indea/MT, autarquia estadual vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar (Sedraf), criada pela Lei 4.171/79. “Atualmente, o setor produtivo assiste atônito ao descaso com que o governo estadual vem tratando a defesa sanitária animal e vegetal, refletida no sucateamento do Indea/MT que atualmente não detém as mínimas condições para desenvolver as atribuições competentes”, traz o documento elaborado pelos pecuaristas.