Rede pública distribui gel lubrificante
Por Diário de Cuiabá
16/06/2012 - 07:53
Com o objetivo prevenir Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs), principalmente entre homossexuais, a rede pública de saúde está oferecendo gel lubrificante íntimo à população.
De acordo com o Ministério da Saúde, somente em 2011 Mato Grosso recebeu 230 mil saches - deste total 149 mil foram destinados a Cuiabá. No Brasil pouco mais de 10,4 milhões de embalagens chegaram aos 26 estados e Distrito Federal. Para o governo federal, cada gel à base de água contendo 5g equivale R$ 0,14.
A enfermeira chefe do Posto de Saúde do bairro Imperial, na capital, Zumira Dias de Moura, explica que, embora exista desde 2006, a distribuição só “emplacou” este ano.
“Desde janeiro a demanda aumentou muito. Acredito que a falta de informação somada ao constrangimento que o assunto traz fazia com que a população não se manifestasse”, opina. Hoje cerca de 600 itens saem por mês somente da unidade de saúde. A entrega é feita quinzenalmente baseada no pedido que a enfermeira envia à Secretaria Municipal de Saúde (SMS). O cidadão pode levar quantos quiser.
Ainda segundo Zumira, ao contrário do que se imagina, 90% das pessoas que vão ao posto retirar os lubrificantes são idosos, com predominância do sexo masculino. Ela explica que, em caso de heterossexuais, o pessoal da terceira idade recorre ao gel devido à ausência de lubrificação que a mulher sofre na menopausa. Já para casais formados por dois homens, o líquido é utilizado para garantir que o preservativo não se rompa durante a relação sexual.
Polêmica – Em 2009 o deputado federal Miguel Martini (PHS-MG) entrou com uma representação contra o edital de compra do gel íntimo pelo Ministério da Saúde. Na época o fato gerou polêmica, já que a postura do parlamentar foi associada à homofobia.
Três anos depois o assunto ainda divide opiniões, até mesmo em Cuiabá. Para o médico e vereador Lúdio Cabral (PT), por exemplo, a iniciativa é válida se não houver restrição médica. “É melhor prevenir e assegurar a qualidade de vida da população. Até mesmo porque o custo da prevenção é bem menor se comparado ao gasto com tratamentos”, avalia.
Já para o vereador Pastor Washington (PRB), da bancada evangélica, a distribuição não cabe à rede pública de saúde. “Eu sou a favor do uso do preservativo para casais que não desejam mais ter filhos. Mas a utilização do lubrificante fica a critério de ambos. Sendo assim, eles mesmos devem comprar o produto”, diz.
O padre Deusdédit Monge, vigário geral da Arquidiocese de Cuiabá, afirma que o cristão deve priorizar a ética da vida, mantendo valores do Evangelho. “Acho que o Poder Público tem que amparar a vida e moralidade da população ao invés de incentivar a promiscuidade”, diz