Logística:Novas saídas para MT
Por Diário de Cuiabá
31/03/2014 - 06:11
Projeto, defendido e encampado por gigantes do agronegócio prevê três novas ferrovias
Quatro das maiores trades agrícolas do país decidiram unir forças para propor um novo desenho para as rotas de escoamento da safra que partem de Mato Grosso em direção ao mercado internacional de grãos.
O projeto, ao redor do qual se reúnem as empresas Amaggi, Cargill, Bunge e Dreyfus, foi apresentado na semana passada ao Ministério dos Transportes e prevê três novas ferrovias, a mais importante delas, paralela à BR-163, região que concentra a maior produção de milho e soja de Mato Grosso e consequentemente do país.
"Precisa-se de várias opções e este projeto que estamos trabalhando atende as quatro pontas do Estado com diferentes saídas", disse o senador licenciado Blairo Maggi (PR), em entrevista à revista Globo Rural.
Segundo ele, o modelo logístico foi pensado considerando a perspectiva de que as exportações de grãos do Estado atinjam 70 milhões de toneladas (t) até 2020. "E para fazer esta produção prevista, se não tiver essas alternativas será muito difícil", disse, em um trecho. Atualmente, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Estado deve somar na safra 2013/14, 46,42 milhões t.
Uma das rotas ferroviárias propostas seria entre o município de Sapezal (noroeste do Estado) e Porto Velho (RO), tendo como destino a hidrovia do rio Madeira. Outra seguiria o traçado da BR-163 entre Sinop (norte do Estado) e Miritituba (PA).
Para a Ferrovia de Integração Centro-Oeste (Fico), prevista para interligar Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao norte de Cuiabá) à ferrovia Norte-Sul, as trades sugeriram, de acordo com Maggi, que o ponto final da linha seja em Água Boa, na região do Araguaia mato-grossense.
O objetivo é concentrar as cargas do médio-norte na direção dos portos do Norte. Especialmente no Sul do Pará, onde diversas empresas investem em terminais hidroviários de carga, à espera da conclusão da pavimentação da Cuiabá-Santarém.
"Em vez de termos uma linha vindo Leste-Oeste, teríamos três subindo, mais a ALL embaixo {sul do Estado}. Mato Grosso sairia por quatro ferrovias, em direção a dois rios amazônicos, a São Luiz do Maranhão e Santos", afirmou. Segundo ele, a saída por trem até Miritituba será "a grande alternativa para Mato Grosso". Frisa: "Uma ferrovia destas que, pelas nossas contas, poderia transportar até 30 milhões t até 2020, seria uma via expressa, com um trem que fará uma ida e volta em quatro dias. Ou seja, muito rápida e competitiva."
O custo do investimento, apenas neste trecho, é estimado em R$ 6 bilhões. "Seria neste modelo que o governo federal está propondo hoje. O Estado financiaria este pacote de investimento, depois teríamos outro operador independente. Não é que nós iremos fazer, porque isso iria para leilão. O que estamos dizendo ao governo é o seguinte: pode colocar que haverá interessados".