“Quando a perda de memória pode ser sinal da Doença de Alzheimer?”
Aprender e incorporar novos conhecimentos e poder repeti-los e recordar tais informações, definem bem o que é a nossa Memória.
Através dos cinco sentidos e de nossa atenção, captamos os estímulos de tudo que acontece ao nosso redor, que representa a forma como a nova informação entra no cérebro. Após sua análise, ela é armazenada no cérebro, podendo ser recordada quando for preciso no futuro. São os chamados estágios da Memória.
O envelhecimento normal traz uma redução no desempenho dos estágios da memória, embora haja uma grande variedade entre as pessoas, isto é, alguns indivíduos apresentam grande declínio cognitivo, incluindo a falha de memória, enquanto outros possuem desempenho comparado ao de jovens.
Por outro lado, existem muitas doenças que podem também gerar comprometimento da memória, como a Depressão e os Transtornos de Ansiedade, sendo que nesses casos, o problema maior está na atenção e na concentração, estágios iniciais da memória.
Contudo, a grande preocupação daqueles que queixam de problemas de memória é com as síndromes demenciais, em especial com Doença de Alzheimer.
A Doença de Alzheimer é o tipo mais frequente de demência, que pode ser definida como uma síndrome clínica caracterizada por prejuízo progressivo das habilidades cognitivas, como falhas de memória, linguagem, atenção, orientação, grave o suficiente para interferir nas atividades sociais e ocupacionais do indivíduo.
Geralmente, a perda da memória recente é a manifestação inicial. A pessoa fica mais repetitiva, perde seus objetos e pertences pessoais, esquece eventos e compromissos, ou percursos e rotas habituais. Tais sintomas costumam trazer dificuldades nas atividades de vida diária, no reconhecimento de objetos e rostos comuns, com redução do interesse em atividades.
Ocorre ainda queda de desempenho profissional, atrasos no pagamento de contas, dificuldade no planejamento de viagens ou finanças, de compras ou no preparo de refeições. Prejuízo do raciocínio e do julgamento, e incapacidade de tomar decisões são outras caraterísticas comuns ao indivíduo com essa doença.
Desorientação no tempo e no espaço, problemas com linguagem, desorganização de objetos, mudanças no humor e no comportamento são sintomas também bastante comuns na Doença de Alzheimer.
Geralmente, a detecção da falha de memória é percebida pelos familiares ou por pessoas que convivem com o indivíduo cuja memória não está boa, já que na maioria das vezes ele não possui a percepção dessa falha. Quando a própria pessoa chega ao consultório médico com queixa de que sua memória está ruim, esse fato por si só já reduz as chances dela vir a ter um diagnóstico de Doença de Alzheimer.
Percebe-se então que o comprometimento da memória exige uma investigação especializada, por médico acostumado com esse tipo de queixa, como o geriatra, uma vez que podem existir inúmeras causas para esse problema, e consequentemente, diferentes formas de tratamento.
Desta forma, um diagnóstico precoce e bem feito pode ser decisivo para uma melhora da qualidade de vida do indivíduo acometido, de seus familiares e amigos, pois poderá preservar por mais tempo sua independência, autonomia e convívio na sociedade.
Denis Milanello é Médico geriatra, com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia e pela Associação Médica Brasileira.