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E se outro não estivesse aí?
Por por Cristhiane Ortiz
26/07/2018 - 10:54

Foto: arquivo

Porquê sempre precisamos do outro para sabermos quem somos, ou pensarmos sabê-lo. Ao olharmos a sombra de outra pessoa podemos vislumbrar o nosso eu, e então nos espelharmos inconscientemente. Talvez seja por isso que ao nos depararmos com pessoas que nos intrigam e nos assombram dizemos que elas existem para que nós saibamos que não devemos ser como elas. Mas será que na verdade nós não nos projetamos sobre elas, assim poderemos julgá-las e sentenciá-las, e claro, condená-las.

Eu acho que... fulano é assim, e desse modo não pode mudar, logo não pode vencer. É limitado, supostamente inferior a mim, eu sou diferente, tenho princípios!

Na verdade nos acostumamos a julgar as pessoas pelo que somos capazes de fazer, ou pelo que nos consideramos inaptos. Baby Consuelo eternizou : “o mal é o que sai da boca do homem”, fazendo alusão de que a mente e o caráter não vacilam a não ser que sejam duvidosos, ou seja, se a pessoa tiver princípios ela não fraquejará diante do que o corpo consome, confesso que já vi muitos que frequentam igrejas, e acampamentos, e no entanto destilam veneno e escárnio sempre que são postos a prova, costumo brincar e dizer que não é preciso de muito para encontrar Deus, basta conviver e aceitar o outro que vive e pensa diferentemente de você, pois é fácil ir ao encontro de pessoas “iguais” que pensam e possuem o mesmo objetivo, desafiador é sair de sua zona de conforto, e viver em harmonia com o “ estranho”, com o diferente. O evangelho está no dia a dia, e o grande dilema da vida é a eterna comparação que fazemos com os outros.

Leandro Karnal observou que tudo é vaidade, tudo é representação, e para os religiosos a vaidade é um desvio, do qual eu amo a um ser criado, no caso eu, com minhas virtudes, como se fossem minhas, como se para ser bonito, forte, religioso, influente, carismático, eu tivesse lutado por isso, quando na verdade, segundo os religiosos isso me foi dado por Deus como um talento para ajudar os outros. Logo, ter orgulho da inteligência dada por Deus constitui o pecado da vaidade. Karnal pondera que “o orgulho é a fonte de todas as fraquezas, por que é a fonte de todos os vícios. Pensamento de Santo Agostinho que se tornou obsoleto, já que a vaidade está cada vez mais em alta na sociedade, e o individualismo e o “empreendedorismo” passaram a ser metas, valores, fortemente estimulados. Aquele que já foi visto como o maior e o primeiro dos pecados capitais por seus atributos maléficos - o orgulho - hoje virou virtude. Disfarçada e rebatizada de autoestima, a vaidade agora travestiu-se de amor próprio”.

 

Cristhiane Ortiz Lima é graduada em Letras pela Universidade do Estado de Mato Grosso.

Mestranda em Linguística na Universidade do Estado de Mato Grosso.

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