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Fraude no Enem: gabarito era vendido por R$ 200 mil
Por Diário de Cuiabá
01/12/2014 - 05:37

Foto: divulgação

Polícia confirma participação de, ao menos, duas pessoas no esquema de vazar respostas das provas em Pontes e Lacerda (430 km de Cuiabá)

Na foto,Cartão GSM usado para transmitir informações ao candidato simulava cartão de crédito

 

Ao menos duas pessoas que trabalharam na aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Pontes e Lacerda (430 km de Cuiabá) estão envolvidas no esquema de fraudes descoberto pela Polícia Civil de Minas Gerais nessa semana. Elas são suspeitas de vazar a prova para a quadrilha uma hora antes do início do exame.

A informação foi confirmada pela polícia mineira, que flagrou e desarticulou uma quadrilha especializada em fraudar vestibulares e processos seletivos.

Em entrevista ao Diário, o delegado mineiro Antônio Júnior Dutra Prado contou que uma hora antes do começo do exame, a quadrilha já tinha a prova em mãos, por intermédio destas duas pessoas de Pontes e Lacerda. E, com os chamados “pilotos”, resolveram todas as questões antes de passar o gabarito remotamente aos candidatos beneficiados pelo esquema.

“A quadrilha viajou até Cuiabá, seguiu para o interior, onde teve acesso aos quatro tipos de cadernos de prova. Em uma pousada, o grupo todo se reuniu para resolver as questões. Os pilotos são estudantes e professores universitários”, explicou.

O gabarito era repassado aos beneficiados por meio de equipamentos eletrônicos de última geração, alguns deles comprados na China. “Eles empregaram um cartão de transmissão GSM, utilizado por operadoras de telefone, e os candidatos ouviam as respostas por meio de um ponto eletrônico”, contou.

O dispositivo era parecido com um cartão de crédito. Por isso, não havia problema em estar entre os pertences dos candidatos. Segundo Prado, ao menos 15 pessoas teriam se beneficiado com o esquema do Enem, sendo que duas já foram identificadas. Dutra também não descarta a participação de outros aplicadores.

Um dos pilotos foi preso em Belo Horizonte na última terça-feira (25). Vanil Vasconcelos Costa Junior, 21 anos, foi identificado como um dos que estiveram em Mato Grosso no dia do exame.

Só neste ano, o jovem, que cursa Direito, fez o vestibular para Medicina em universidades de Fortaleza, Brasília e Minas Gerais. As investigações dão conta de que ele respondeu provas de Geografia e História.

Conforme Antônio, boa parte da investigação sobre o vazamento da prova em Mato Grosso corre em sigilo. Na próxima semana, a expectativa é de que o inquérito seja concluído e em seguida repassado ao Ministério Público Federal (MPF).

OPERAÇÃO HEMOSTASE II – Deflagrada pela Polícia Civil em conjunto com o Ministério Público de Minas Gerais, a operação desarticulou uma quadrilha que atuava há 20 anos na fraude de vestibulares de medicina.

Após sete meses de investigações, no último domingo (23) 33 pessoas foram presas durante um processo seletivo de uma universidade mineira. Eles vendiam o gabarito das provas por até R$ 200 mil.

No mesmo dia, foram apreendidos cadernos de provas do Enem, gabaritos e comprovantes de pagamento. Em coletiva de imprensa, a polícia confirmou a participação da quadrilha na fraude do Enem deste ano.

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