Um equipe da Delegacia Especializada na Defesa da Mulher (DEDM), em Cáceres, apurou no início da noite de ter-feira(3)uma denúncia feita anonimamente ao Ministério Público da comarca, sobre uma pessoa mantida em cárcere privado e sofrendo maus tratos. A equipe, coordenada pela delegada da DEDM, Cinthia Cupido, foi até uma residência localizada no bairro Rodeio, na periferia da cidade, onde encontrou uma mulher de 48 anos, doente mental, que estava em um cômodo localizado nos fundos da residência. O cômodo é f
echado por grade e o portão, com cadeado. Ela esta nua, deitada no chão molhado, suja de fezes, e pedia café.
A equipe ouviu a mãe da vítima, uma senhora de 63 anos, que relatou que a filha sofre de esquizofrenia refratária, inclusive mostrando o laudo médico aos policiais. No local estava também uma irmã da doente. Ela informou que a mãe tem diabetes e está com problemas cardíacos, por isso está construindo um cômodo mais apropriado em sua casa, para levar a irmã para o local, mas que enfrenta dificuldades financeiras para concluir a obra. Segundo ela, a irmã não toma os medicamentos apropriados há mais de um ano, pois são remédios de alto custo e não estão sendo fornecidos pela Secretaria de Saúde do município.
A família diz que a falta do remédio faz com que a doente se torne agressiva, e que ele fica fechada porque, do contrário, foge para a rua.
Segundo informou a DEDM, o cômodo onde fica a doente tem um puxado com grade, como se fosse uma cela, além de um quarto com uma pequena janela com grade, e um banheiro.No quarto, um bloco de cimento no chão, sem colchão, serve como cama. A comida para a doente é servida em potes descartáveis de sorvete, sem talher. Os restos são jogados no quintal. "O lugar cheirava a urina, fezes e comida estragada", disse um policial da equipe. Ele afirmou que a irmã que se encontrava na casa deu banho na doente, a vestiu e lhe serviu café, o que a acalmou. "Os vizinhos foram ouvidos e disseram que ela pede café o dia todo e que a bebida a deixa mais calma".
Devido ao estado de saúde e idade da mãe da doente, não foi feito flagrante, mas a DEDM instaurou inquérito para apurar responsabilidades. Além da mãe, a doente tem dois irmãos e recebe pensão do INSS.
A delegada Cíntia Cupido vai tentar, em parceria com o MPE, medidas urgentes para solucionar o caso, como a determinação para que o fornecimento da medicação seja retomada, assim como atendimento médico adequado e ainda, o encaminhamento da doente para uma instituição psiquiátrica.
A reportagem ouviu a Secretaria de Saúde do município. Uma funcionária do setor responsável informou que os estoques de medicamentos de alto custo estão sendo reabastecidos, e que os mesmos são repassados pelo Estado.