Vai ser sepultada na tarde de hoje (23), Evelyn de Souza Machado, 22 anos, vítima de afogamento no rio Paraguai. Ela e o marido, Evanildo Pinho de Almeida, de 41 anos, estavam pescando no final da tarde do último domingo, quando uma embarcação grande passou, provocando ondas fortes. A pequena embarcação onde o casal estava virou e os dois, mais um menino de 12 anos que estava com o casal, caíram no rio. O menino nadou até a margem. Evanildo socorreu a esposa, a segurando com o braço esquerdo e nadando para a margem, quando foi atacado por um jacaré. O animal atacou seu braço direito, e o puxou para o fundo do rio, fazendo com que ele soltasse a esposa.
“Nós saímos cedo para pescar. Eu sou pescador. Minha mulher não sabia nadar, e eu vivia pedindo a ela que usasse o colete, ela não gostava. Nesse dia ela colocou o colete, mas não amarrou direito. O colete deve ter saído. Quando eu consegui subir do fundo do rio, não vi mais minha mulher. E quando as pessoas desaparecem assim...a gente não vê mais elas.” O depoimento do pescador foi dado no Hospital regional, onde ele está internado. A assistente social do hospital informou que ele seria liberado para o velório, mas que deveria voltar para continuar com a medicação. Ele está tomando antibióticos fortes, pois mordidas de jacaré costumam infeccionar rapidamente. O braço atacado tem ferimentos de mordidas em diversos pontos.
Segundo ele, a pescaria estava acontecendo num ponto do rio que é conhecido como “Bastião Gomes”. Na hora que esperávamos para falar com o pescador, ele receber a notícia que o Corpo de Bombeiros tinha encontrado o corpo da esposa, boiando, perto da Affemat, a 15 km do local do acidente, num local conhecido como “Touro”. O corpo foi encontrado hoje às 10:30 horas. Evelyn estava grávida de três meses. Devido a um acidente de moto, ela tinha deficiência em uma das pernas. O corpo foi encontrado com escoriações leves nos ombros.
A testemunha Elton Rosa de Almeida, também pescador, foi quem comunicou o fato à polícia. Segundo ele, estavam todos acampados para pescar. O filho dele, de 12 anos, é quem estava no barco com o casal, mas o garoto sabe nadar e chegou a margem com facilidade.
Evanildo diz que após voltar à tona nadou por cerca de dez metros usando apenas o braço esquerdo. “O direito eu nem sentia, de tanta dor. Não vi o bicho, mas sei que era um jacaré”.
A família mora no bairro do Empa (Jardim das Oliveiras) e Evanildo tem dois filhos,de 8 e 10 anos, de outro relacionamento. Evelyn teria seu primeiro filho.
No final do depoimento, chorando muito, o pescador disse que está vivo por um milagre de Deus, e pediu que todos usem coletes salva-vidas. “Me sinto culpado”.-disse ele.