Em tempos de violência cada vez mais alarmante contra as mulheres, uma especialista em segurança e uma delegada do Rio de Janeiro elaboraram uma espécie de “guia urbano de autopreservação feminina”. No texto, uma série de condutas para as mulheres se defenderem e prevenir possíveis ataques violentos, independente do motivo, roubar, violentar ou matar.
Apesar de não haver números precisos sobre o assunto -- muitas mulheres têm medo ou vergonha de denunciar agressão física, verbal ou sexual ou simplesmente retiram as queixas no meio do caminho --, o último levantamento, relativo aos quatro primeiros meses do ano, mostra que a Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) de Cuiabá instaurou uma média de 12 inquéritos sobre violência contra a mulher por dia.
Ironicamente, o pior mês dos quatro analisados foi justamente o da mulher, março. Só nos 30 dias dedicados à mulher, foram abertos 479 procedimentos, segundo dados da Polícia Judiciária Civil. Nos outros meses do quadrimestre, mais 1.130 inquéritos. E isso contando-se apenas casos prioritários, pelos motivos já descritos.
No meio disso, causou repercussão instantânea nas redes digitais de relacionamento, diversos compartilhamentos e alguma polêmica as tais dicas de segurança feminina. Enquanto uma parte considera machismo ensinar mulheres a se protegerem porque o certo são os homens aprenderem a não desrespeitá-las, outras sabem que a diferença entre chegar intacta e às vezes viva em casa é só uma questão de bom senso.
CONHEÇA ALGUMAS DICAS -- Em caso de sequestro relâmpago, se a mulher for jogada dentro do porta-malas de um carro, a dica é respirar fundo e tentar manter o máximo de calma e frieza, além de chutar os faróis traseiros até que eles saiam para fora. Daí em diante, é esticar os braços pelos buracos e gesticular o máximo que puder. O motorista não a verá, mas todo mundo sim. Fazer isso já salvou várias vidas.
Há três motivos pelos quais as mulheres são alvos fáceis para atos de violência. Primeiro, falta de atenção. A mulher deve estar consciente de onde está e do que está acontecendo à volta dela. Segundo, a expressão corporal. Manter a cabeça erguida, permanecendo em posição ereta, com uma postura firme, afasta potenciais agressores, normalmente atraídos por presas que pareçam mais frágeis. Terceiro, estar no lugar errado, na hora errada. E aqui, dá-lhe polêmica, lembrando que quem elaborou essas dicas foram duas mulheres que trabalham com segurança: não ande sozinha em ruas estreitas, nem dirija em bairros mal afamados à noite.