Para Amanda: “quem enxerga poesia, faz a vida mais feliz”.
Não tem como não se surpreender. Inicialmente, achei que fosse um capricho de ‘vó coruja’ anunciando que a neta de dez anos, que mora em Campinas, estaria em Cáceres no dia 23, para comemorar o aniversário do avô e lançar, em uma noite de autógrafos para familiares e amigos, o seu livro de poesias.
Mas ao conversar com a autora, percebi que ela fala do assunto com propriedade. O verso corre no sangue e escapa pelas pontas dos dedos.
-“Então me explica, Amanda, como vem a inspiração? Escolha uma poesia do livro e me fala como ela surgiu”.
A menina meiga e extrovertida abre o livro, sob olhares atentos e ternos dos pais Daniel e Maria Isabel. Ela escolhe a poesia “A janela”.
E conta:
-“Escrevi aqui em Cáceres. Fomos jantar no Tutu e enquanto esperávamos fiquei observando a janela. E pensei que janela tem profissão, mesmo parada. Ela tem que abrir e fechar. Há tristeza e alegria nela”.
“Fazendo Poesia” é o livro de Amanda Berto Atala e Maria Alice Tonetti Carletti. Elas nasceram em 2004 e moram em Campinas/SP. São colegas de sala na Escola Comunitária e são muito unidas. “Desde pequenas gostamos de ouvir histórias, e quando chegamos no 2º ano e aprendemos a escrever textos, imediatamente nos apaixonamos!”-falam as autoras ao se apresentarem.
O pai de Amanda, Daniel, conta que a filha se sai bem em todas as matérias, e que ele e a esposa incentivam a menina quando percebem que ela se dedica mais a uma determinada atividade. “Nós e a família da Maria Alice não tivemos dúvidas ao organizar a impressão do livro, que está catalogado e pode ser encontrado em bibliotecas nas escolas. É impossível não sentir orgulho”.
A avó paterna Elzira afirma que Amanda poderá ser médica, engenheira, advogada, o que quiser. “Mas tenho certeza que ela nunca deixará de ser escritora”.
Amanda diz que não dá pra escrever sem inspiração, e que ela, a inspiração, vem de repente. Pode vir de uma janela, de um beija flor ou de um...caderno, que inspirou uma poesia bem humorada: “Sou o caderno, e rimo com inferno. Para alguns sou frio como o inverno, E para outros, divertido como um amigo. Uns me amam, outros me odeiam. Sou o caderno E rimo com interno. Se fosse uma pessoa, usaria terno.”
O livro tem 25 poesias, ilustrações das autoras. E Amanda tem uma colaboradora valiosa. Sua irmã Olívia, de oito anos, dá ao agraciado com o livro a opção de escolher entre os vários marca- textos desenhados por ela, com que vem com a frase “abraços, Olívia”.
Amanda é neta e Ibraim Atala e Elzira Pires Atala . Os avós preparam a noite de autógrafos e passaram uma semana com o filho Daniel, a nora Bel, e as netas Amanda e Olívia. Boa tarde do tempo, passeando pelo rio Paraguai, na chalana “Meus Amores”, que Ibraim e Elzira inauguraram há alguns dias. Um projeto que foi se desenhando e sendo concretizado durante anos. Um sonho realizado. Mas sobre a chalana, há que se fazer nova reportagem.
E para a Amanda, desejamos que nunca falte inspiração!
Serviço:
Livro Fazendo Poesia
Thipos Soluções em Documentação Ltda
Campinas/SP-2014
1-Literatura Brasileira: B869
2-Poesia Brasileira: B869.1
*Projeto Gráfico: Eliza Berto Gimenez
'Eu e Daniel incentivamos tudo em relação a estudos e cultura em nossas filhas, porém a concepção desse livro, em particular, tem todo mérito da madrinha da Amanda, Eliza Berto Gimenez, minha irmã, que fez todo o projeto gráfico, e escolheu com todo apreço a gráfica que iria imprimi-lo. Meu pai sustentou seus 5 filhos pelo suor de administrar uma gráfica, que com o tempo também virou editora, desde 1961 até o momento de sua morte, em 1993. A gráfica continuou mais vários anos e por problemas financeiros, devido a muitos motivos, dentre os quais o contexto da mudança da impressão escrita para digital e crise atual do país, foi encerrada antes de poder ter o prazer de imprimir o livro da neta e da esposa de seu fundador (minha mãe lançará seu livro no sábado dia 8/8).
Assim sendo, deixar impresso ideias, ideais, noticia e emoções está no sangue da família Berto. Seu site ainda está no ar: http://www.berto.com.br/- reportagens registradas lá , como os Flinstones, Morre Osvaldo Berto, me faz chorar também -( é o dom de repórteres, alguns momentos por tristeza, outros, como foi seu caso, por alegrias proporcionadas)."