Quinze segundos. Esse foi o tempo que a Mel, uma cadela da raça pastor belga malinois, levou para encontrar um tablete de maconha, escondido no motor de um veículo, durante uma apresentação a 36 estudantes da escola particular Centro Educacional Anália Franco, em Cáceres.
“Em uma situação real, o tempo seria menor”, explicou o treinador, o 2º sargento BM Dirlei Correia Medeiros, que acompanhou as crianças na visita, realizada na última sexta-feira (11.03), no Canil Integrado de Fronteira.
Os estudantes acompanharam curiosos os passos de Mel, que farejou cada canto do carro, até encontrar o seu alvo. No capô do veículo, o comportamento do animal mudou: balançando o rabo, passou a arranhar o local com as patas. “Com esse comportamento ela indicou para o seu treinador que a droga estava ali”, explicou Medeiros aos alunos.
O esforço de Mel foi recompensado por seu treinador com ração. Dos estudantes, vieram aplausos. A estudante Letícia Lino de Oliveira Silva não conhecia o trabalho dos cães farejadores do canil e se disse surpresa. “É muito impressionante o treinamento e a obediência dos cachorros”.
Brincadeira
Os animais não têm nenhum contato com a droga, explica o sargento. Para os cães, o trabalho não passa de uma brincadeira.
Mel, por exemplo, brincou com o seu treinador utilizando uma bolinha de tênis que estava com um odor semelhante ao da maconha. Após algum tempo, o treinador fingiu esconder o objeto no veículo. “A partir dessa brincadeira o animal começa a caçar a bola no carro”.
Os alunos também acompanharam a apresentação da cadela Dara, da raça labrador, que simulou uma ocorrência de busca na mata. Após um comando, ela se embrenhou na mata para achar um policial que fazia o papel de vítima na simulação. Logo, os estudantes foram surpreendidos com os latidos de Dara. "É assim que ela avisa o seu treinador que localizou o alvo”, diz.
O rastreio é outra modalidade de busca realizada por Dara. “A partir do cheiro da peça de roupa da pessoa desaparecida, ela consegue seguir o rastro”.
A coordenadora pedagógica da escola particular, Andreia de Assunção Rodrigues, disse que irá voltar com outros alunos. “É muito importante conhecermos o trabalho que é realizado em prol da sociedade”.
Faro aguçado
O cão é uma arma poderosa para encontrar entorpecentes e pessoas desaparecidas, diz o 2º sargento BM Dirlei Correia Medeiros. "Os cães farejadores estão sendo muito usados na fiscalização de fronteira no Estado. O faro dele é 50% mais poderoso que o nosso”, falou.
Atualmente 10 cães farejadores estão auxiliando as instituições de Segurança Pública que atuam nos mais de 900 quilômetros de faixa de fronteira do Brasil com a Bolívia.
Labrador e pastor belga malinois são as raças usadas pelo Canil, com especializações em faro de drogas, proteção e guarda, e busca e resgate.
O Canil Integrado de Fronteira é coordenado pelo Grupo de Especial de Segurança de Fronteira (Gefron). Os animais são submetidos a treinamentos diários realizados por policiais civis, militares e bombeiros que trabalham no local.
“O canil desempenha um papel muito importante dentro da estratégia do policiamento especializado de fronteira auxiliando na fiscalização”, destacou o coordenador do Gefron, tenente-coronel PM Jonildo José de Assis.