Uma conversa sincera, respeitosa e amorosa em certos momentos da nossa vida se torna um fato inesquecível, marcante, reergue nosso ânimo e pode nos sugerir caminhos, principalmente se for realizada com alguém que se empenhe para agir de acordo com a consciência.
Quem possa prescindir uma orientação na hora da insegurança?
Quem não tem questionamentos sobre circunstâncias profissionais, financeiras, acadêmicas, ou sobre os relacionamentos familiares ou afetivos?
Quem pode desprezar uma chance de desabafar (que é diferente de ficar reclamando), de aliviar as dores não-físicas, de se sentir amparado?
Não há na Terra, por mais evoluída possa ser a pessoa, alguém que saudavelmente possa menosprezar um bom e fraternal acolhimento pelo diálogo. Ao contrário, muitas são as ocasiões em que este recurso fundamental da vida social se nos apresenta com primordial para que possamos ter a ajuda necessária e, com isso, refletir adequadamente a respeito de diversas situações do cotidiano.
É verdade que raramente as pessoas percebem a importância de estarem bem para consigo mesmas para bem ajudar àquele que lhes buscam em momentos desafiadores, tendo em vista que cada vez mais vivemos correndo para dar conta de tantos afazeres.
Não por outro motivo muitas pessoas, ao serem indagadas sobre como estão, respondem: “na correria”. Realmente, cair na tentação da correria é muito fácil, da mesma forma que são largas as portas que nos levam a uma vida de facilidades, de comodismo, sensualismo, imediatismo, hedonismo, enfim, de tudo aquilo que o puro materialismo nos remete.
Com efeito, torna-se salutar para cada ser que queira viver mais plenamente para consigo mesmo, mas também relação à natureza e a tudo o que se encontra no Universo, focar no que é permanente e imutável ao seu próprio respeito.
Gostamos de muitas coisas; fazemos inúmeras coisas; ficamos assim ou “assado”; temos manias, hábitos, coisas... mas tudo isso é temporário, é impermanente. Somente é permanente aquilo que nós somos em essência, condição que nada nem ninguém pode alterar: somos filhos de Deus; somos espíritos, ainda que estagiando numa vida temporariamente carnal; somos o ser pensante que povoa o Universo. Isso é inderrogável.
Em decorrência de estarmos, quase sempre, em nossa grande maioria, desligados ou desleixados para com nossa realidade espiritual, temos recebido profundas lições ao longo da história por parte de grandes pensadores no sentido de fazer com que voltemos nosso olhar para o que somos, em verdade, ou seja, espíritos imortais.
Obviamente que uma das características do espírito é ser imortal ou eterno, mas se faz mister assim o denominar, a fim de que sempre tenhamos em mente a nossa realidade definitiva e, também, para que recordemos a finalidade primeira do Espírito (que somos), que é a evolução sem cessar, nos aproximando de Deus, que nos dias atuais não é mais um “patrimônio” das religiões, eis que a ciência (mesmo a materialista) já traz provas incontestes de Sua existência e de sua paternidade para com todos os seres.
Quando refletimos profundamente sobre isso, passamos a nos sentir mais integrados com as leis divinas, que se encontram nas nossas consciências, abrindo-nos a tudo de bom que a vida nos franqueia, inclusive melhor vivenciando os momentos de dor, que são inevitáveis, necessários e nos convidam a aprender e prosseguir avançando, lapidando a pedra bruta e edificando, em nossa intimidade, templos às virtudes.
Outra consequência natural de nos percebermos e aceitarmos como espíritos eternos é passarmos a enxergar as outras pessoas como elas realmente são, não apensas circunstancialmente, mas existencialmente: são espíritos imortais.
Ciente disso, sentindo isso, vendo os outros também como são em essência, aproveitamos muito melhor nossos momentos de diálogos, seja como aquele que busca a outrem para desabafar e, quiçá, ouvir um bom conselho amigo; seja na condição daquele que é procurado para ouvir, ouvir mais uma vez, ouvir mais um pouco e, depois que a pessoa com sua carência se sentir aliviada e aberta, orientar sugerindo e esclarecer consolando.
A conversa essencial, portanto, é aquela em que nos percebemos espiritualmente para que ouçamos como espíritos e falemos com a mesma consciência, tornando-se um acolhimento espiritual pelo diálogo fraterno.
É um acolhimento, porquanto um está aconchegando o outro com seus melhores sentimentos, movido de amor e compaixão (que não é dó). E para agir assim, se torna imprescindível acolher-se a si mesmo, com suas dúvidas e conquistas, dificuldades e boas qualidades.
É espiritual, eis que se trata de um encontro de Espírito Imortal para Espírito Imortal, mesmo que ambos estejam em corpos materiais, o que não os impede de caminharem numa vida espiritual.
É fraterno porque somos todos irmãos, filhos da mesma Inteligência Suprema, fonte de todo amor e das demais virtudes.
Enfim, para que logremos dialogar fraternalmente não precisamos preencher requisitos espetaculares, dificultosos ou distantes de nossa realidade evolutiva.
Porém, estarmos atentos e em sintonia o Criador pela oração, buscando viver com observância da Lei de Amor, Justiça e Caridade, além das demais normas divinas complementares a esta, é medida que urge para os que queremos bem aproveitar o tempo que Deus nos empresta para evoluir com leveza, seriedade, alegria e autenticidade. E isso é mais do que possível, pois, diante de tantas lições que a vida nos traz, se torna um “dever consciencial”.
Com gratidão a todos os que têm nos orientado fraternalmente.
Nestor Fernandes Fidelis é advogado