No correr da semana que passou foi inaugurado o Memorial Rondon, na comunidade de Mimoso, no Pantanal. Não posso deixar de resgatar um pouco das minhas estórias envolvendo a figura do Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon. Convivi indiretamente com ele através de vários fatos que tomo a liberdade de recordar. Primeiro, em setembro de 1976, recém-chegado a Mato Grosso, trabalhando na área de imprensa do governo estadual, acompanhei o governador José Garcia Neto, na inauguração da primeira reforma feita na Escola Santa Claudina. Aliás, foi Garcia Neto o engenheiro que a construiu na década de 1940. Mais tarde, ele contou-me que o próprio Rondon pagou o custo da construção. E falou das descidas de barca desde Santo Antonio de Leverger até Mimoso e de suas longas conversas. Longas cartas de Rondon dando instruções minuciosas sobre a obra e pedindo informações sobre o andamento da construção.
A respeito dessa escola, Dr. Garcia contou-me longas estórias. No dia da inauguração encantei-me com a sutil presença do Marechal através de um imenso pau-brasil que ele mesmo plantou, segundo narrou-me o sobrinho Fulgêncio. Aliás ele guardava em casa um belo relógio-carrilhão suíço de parede, que lhe dera Rondon. Estava pendurado na parede de sua modesta casa pantaneira, às margens da estrada de acesso à comunidade e que segue pantanal abaixo.
No governo Dante de Oliveira, assisti ao lançamento da obra. Depois como membro do Conselho Estadual de Cultura, fui lá muitas vezes acompanhar os primeiros passos da obra que não se concluiu na gestão. Voltei lá mais uma duas vezes por conta própria. Na minha infância Rondon me impressionava. Aqui em Mato Grosso conheci alguns de seus postos telefônicos construídos no começo do século 20. Vi em Capim Branco, Porto Espiridião e no Parecis.
Penso que Mato Grosso nunca deu a Rondon a sua real importância. O Memorial Rondon o expõe ao mundo e aos mato-grossenses dentro da exuberância do Pantanal e frente ao lugar onde nasceu. E da escola Santa Claudina, em homenagem à sua mãe. Em 1997 levei alunos do curso de Jornalismo lá pra ver a escola e falar de Rondon. Poucos o conheciam e ficaram impressionadíssimos. Quem sabe agora, com o Memorial aberto, Rondon retome o seu espaço na memória e na vida de todos nós que tanto o admiramos na sua solidão nos sertões que percorreu a pé.
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso onofreribeiro@onofreribeiro.com.brwww.onofreribeiro.com.