Apesar de ter reduzido a evasão escolar em dez anos, Mato Grosso ainda tem 55.176 crianças e jovens, entre 04 e 17 anos de idade, fora da escola. O número faz parte de um levantamento divulgado ontem (5) pelo Movimento Todos Pela Educação (TPE), com base em dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2015. Quando se trata do ensino médio, Mato Grosso apresenta uma das maiores taxas de abandono que é de 13,5%, a maior do Centro-Oeste.
Conforme o levantamento, dos 55,1 mil, 14.891 estão na faixa etária dos quatro a cinco anos, outros 5.691, entre os seis e 14 anos e, o restante (34.594), dos 15 aos 17 anos. Contudo, entre 2005 e 2015, a taxa de atendimento nas escolas mato-grossenses passou de 87,5% para 92,4%, num total de 667.676 alunos, incluindo as redes estadual e municipal.
Ainda assim, muitos mato-grossenses não vêm sendo atendidos pelas unidades de ensino. Isso significa que mesmo com a elevação de 4,9 pontos percentuais em uma década, o Estado ficou abaixo da meta intermediária para 2015 estipulada pelo "Todos Pela Educação" que era de 95.9%. Também localizados na região centro-oeste , os vizinhos Mato Grosso do Sul (MS) alcançou atingiu 91,3%, Goiás (GO) 93,7% e o Distrito Federal 95,45%.
No Brasil, o estudo revela que são 2,5 milhões de pessoas na mesma faixa etária fora da escola. Em nível nacional, apenas Tocantins (95,1%) atingiu o objetivo previsto para 2015, que varia para cada Estado.
"A diversidade da população Brasileira, quando esmiuçada, mostra a necessidade de políticas públicas focalizadas para determinados públicos. Os abismos educacionais são evidentes quando se observam os dados de acordo com segmentos específicos, como renda familiar per capita, raça ou cor, localidade rural ou urbana e sexo da população em idade escolar", aponta o estudo.
Entre os mais pobres, em 2005, 86,8% estavam na escola, contra 97% dos mais ricos. Em 2015, esses índices passaram, respectivamente, para 93,4% e 98,3%. Já entre aqueles que moram no campo, o acesso subiu de 83,8% para 92,5%, enquanto a taxa dos moradores de zonas urbanas passou de 90,9% para 94,6%.
Já o crescimento do acesso entre negros e pardos, passou, respectivamente, de 87,8% para 92,3% e de 88,1% para 93,6%, e foi maior que o da população branca passando de 91,2% para 95,3%.
Na avalição do movimento, há uma redução de desigualdade "importante, embora não suficiente", pois mesmo que os indicadores tenham avançado, ainda estão entre essas populações as maiores concentrações de crianças e jovens fora da escola.
"São aqueles que mais precisam da educação para superar a exclusão e a pobreza. Muitos são crianças e jovens com deficiência e moradores de lugares ermos. Muitos têm gerações na família que nunca pisaram na escola", diz a presidente executiva do Todos pela Educação, Priscila Cruz.
Já em relação ao ensino médio, Mato Grosso aparece com uma taxa de 13,5% de abandono. Para comparar, no Mato Grosso do Sul essa taxa é de 8.9% e, em Goiás, de 5,9%. Por lei, todas as crianças e jovens de 4 a 17 anos devem estar matriculados na escola. Pela Emenda Constitucional 59 de 2009, incorporada no Plano Nacional de Educação (PNE), lei sancionado em 2014, o Brasil teria que universalizar o atendimento até 2016.
O TPE estabeleceu, em 2006, metas para melhorar a educação até 2022, ano do bicentenário da independência do Brasil. A reportagem do Diário procurou a Secretaria de Estado de Educação (Seduc) para falar sobre o assunto, mas não obteve retorno.