Aproximadamente 1,6 mil funcionários das 147 agências dos Correios em Mato Grosso cruzam os braços a partir desta quinta-feira (27) contra o que eles classificam como "sucateamento" da estatal. A greve é nacional e seguirá por tempo indeterminado.
As ameaças de demissão em massa, privatização, fechamento de agências, fim dos direitos a planos de saúde e férias, além da exigência de realização de concursos são os principais motivos da greve.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios em Mato Grosso, Edimar Leite, está sendo promovido, dentro da estatal, um trabalho de sucateamento dos serviços, iniciado com a defasagem do número de profissionais.
No Estado, são 1,6 mil funcionários dos setores administrativos e operacionais, mas o necessário é de mais 620 profissionais, sendo 400 carteiros, 120 operadores de triagem e 100 atendentes. O número pode ser ainda maior com a ameaça de demitir mais 25 mil funcionários no país, segundo Edimar. “O último concurso realizado foi em 2011 e agora eles iniciam a demissão de vários outros, enquanto a demanda de trabalho, de postais, aumenta. Isso é uma tentativa de acabar com a qualidade dos serviços para privatizar os Correios e nós não podemos permitir”, disse.
Além da defasagem dos servidores, a categoria reclama quanto à proposta do fim dos direitos aos planos de saúde gratuitos e férias. Hoje, os funcionários não pagam o plano, apenas um percentual quando usado, e a previsão é que passe a ser cobrado.
Conforme Edimar, os funcionários não têm condições de custear o plano e ainda sofrem com a decisão de suspender as férias previstas para este ano. “Simplesmente, chegaram e suspenderam as férias sob um alegado corte de gastos. É um direito nosso sendo retirado para em uma tentativa de desmontar a estatal”, disse.
Edimar reforçou ainda que a greve não é motivada por salários, mas "por dignidade e direito dos trabalhadores que vêm sendo desrespeitados nos últimos anos". Diversos diálogos foram iniciados para discutir a melhoria na qualidade dos serviços, sem sucesso. “Todos os setores dos Correios no país vão parar contra o sucateamento da empresa. Apesar de nosso salário ser ruim, nossa pauta prioritária não é essa. Queremos manter a qualidade dos serviços, sem privatização e sem o desmonte dos Correios, que é o que está acontecendo” disse.
Com a greve, as 147 agências dos Correios vão fechar e apenas um efetivo de 30% dos funcionários vai atuar durante a paralisação.
Segunda paralisação – Esta não é a primeira vez que os trabalhadores dos Correios paralisam as atividades neste ano. Em março, 300 servidores da Central de Distribuição dos Correios em Mato Grosso, localizada em Várzea Grande, paralisaram as atividades por oito dias.
A paralisação foi motivada pela insalubridade do prédio que vitimou Celso Luis, servidor do órgão, que teve morte cerebral confirmada e foi vítima de neurocriptococose, doença contraída por vias respiratórias, ao "inalar" fungos encontrados nas fezes de pombos.
A Justiça do Trabalho chegou a interditar o prédio, liberado após a limpeza e higienização do local. Com isso, os trabalhadores encerraram a paralisação e retomaram as atividades.