postagem foi feita na manhã desta quinta-feira, no Facebook, e muitas mulheres estão contando que também foram vítimas
O médico ginecologista e obstetra Jarbes Balieiro Damasceno, natural de Manaus (AM) e que atua em Cáceres há mais de 40 anos, (o tempo de atuação foi confirmado pela direção do Hospital São Luiz) é acusado de erro médico, falha ética e violência obstétrica em pelo menos 4 casos.
Vítimas narram "momentos de terror", nas mãos dele, na hora do parto. E relatos de mulheres que passaram por isso não param de ser postados na rede social.
O obstetra, que já responde a pelo menos 2 processos no judiciário, sendo um em Cáceres e outro em Campo Grande (MS), é acusado agora pela dona de casa Rosa Maria Martins Pires, 27, e uma estudante, de 25 anos, Nandara, postado hoje no Facebook:
Confira o relato dela de Naan Tim:
"PEÇO a todos que lerem esse relato que compartilhem para que outras vítimas de violência no parto por parte desse senhor, que contem que falem mesmo:
Nos últimos dias veio à tona um caso sobre um determinado médico e sobre sua total falta de profissionalismo e principalmente ética, por conta disso resolvi expor meu relato e pedir para todas as mulheres que sofreram violência com esse mesmo indivíduo que se abram.
Eu dei entrada na determinada maternidade com 1cm de dilatação, na madrugada de quinta para uma sexta-feira. No momento em que entrei já pude sentir como seria o clima pois na minha longa estadia (pois meu filho foi nascer apenas no sábado quase umas 19:00) pude sentir o clima de descaso que as gestantes passam por dentro daquelas paredes.
Fora o fato de que deixaram eu por 2 dias sem comer, fui submetida a toques em rodízio a cada tempo vinha um médico diferente e falava supostamente quanto de dilatação eu tinha, eu vi 3 bebes nascerem no quarto de espera. Eu entrei em trabalho de parto oficialmente as 3 da manhã de sexta para o sábado que foi quando ouve a troca de médicos e esse determinado senhor entrou em plantão. Na manhã eu já senti um clima estranho porque as enfermeiras, que não tenho nada a reclamar das duas equipes as mulheres que estavam lá foram maravilhosas comigo, elas estavam tensas.
Esse senhor fez o toque nas pacientes dele e inclusive em mim como se fossemos animais, ele me machucou mesmo e não foi algo da minha cabeça porque outros profissionais fizeram o mesmo porque afinal ali é um rodizio, todo médico que entra te faz o toque e te diz algo diferente, então teve médicos extremamente educados. Esse senhor quando eu estava com 7 cm de dilatação estourou minha bolsa com a mão, e me deixou no quarto isso eram umas 2 horas da tarde, a outra médica plantonista me dizendo que o bebe estava muito alto e eu precisava caminhar, quem tem filho e já sentiu como é um bebe dentro de você sem o líquido amniótico é a dor mais insuportável do mundo. QUANDO foi umas 4 da tarde eu tinha 8 cm de dilatação, mas o bebe continuava alto, passou um tempo esse senhor apareceu e mandou as enfermeiras me aplicarem o soro com um medicamento para induzir o parto, nessa hora eu já estava desesperada porque eu estava com muita dor.
Quando foi umas 5:30 da tarde eu já estava pedindo para morrer porque eu não conseguia, eu tinha dilatação, mas meu bebe estava alto, foi quando esse homem entrou no quarto e disse: eu vou ajudar o seu bebe nascer. Ele apertou minha barriga e fez movimentos como se eu fosse algo a ser desentupido, eu choro sempre que me lembro dessa parte, eu me senti tão mal nada descreve o quanto eu fui maltratada por esse homem, que até no último minuto mesmo com a outra médica dizendo que meu filho estava alto ele me levou para a sala de cirurgia para parto normal. Passei momentos horríveis, com comentários a respeito do meu corpo, até sobre o fato de futebol que passava na Tv e ele estava assistindo. Depois de quase morrer naquele lugar foi quando viram que eu não tinha condições de ter parto normal, eu tive que esperar 40 minutos pelo anestesista porque o HOSPITAL COM UMA MATERNIDADE E UMA ALA CHEIA DE GESTANTES estava sem anestesista, ou seja, ali ou você tem normal ou você agoniza até eles terem pena de vc e ver que você não tem condições. Meu filho nasceu quase as 7 da noite com a cabeça marcada de forma funda, roxo, com todas as unhas roxas, o que eu passei ali foi tão ruim que todas as mulheres que estavam la tanto de acompanhante de outros pacientes, quanto as enfermeiras todas foram me visitar e o que mais ouvi foi sobre o tempo que eles me deixaram sofrer mesmo sabendo que eu não tinha condições de ter parto normal. Eu hoje estou falando sobre isso porque você que passou por esse açougueiro, não se cale, fala! Esse homem precisa parar, eu não fui a primeira e nem a última, depois que o meu filho nasceu uma senhora que estava de acompanhante me disse, que uma gestante em trabalho de parto quando viu que era ele o médico ela saiu correndo para a recepção, e como eu pedi outro médico para me atender, eu fui clara ao dizer que ele estava me machucando, e mesmo assim... Saibam todos que o hospital sabe sim da conduta dele, porque quem já ficou de acompanhante lá sabe disso.
Depois disso eu enfrentei uma depressão pós- parto, o dia que meu filho nasceu é o pior dia da minha vida e não tem uma vez que não falo sobre isso chorando, como estou fazendo agora! Não se calem, e deixo em aberto para a família que entrou com recurso contra esse homem me coloco a disposição para falar meu relato e com testemunhas que ficaram comigo. Não deixem esse homem destruir a vida de mais ninguém.
CHEGA DE VIOLÊNCIA NO PARTO!!!!!"
A estudante deu entrevista ao site Gazeta Digital chorando. Nitidamente traumatizada, afirma que depois de tudo que passou não é mais a mesma pessoa.
Dia 5 de novembro do ano passado, entrou em trabalho de parto. Reclama que às 14 horas o médico estourou a bolsa dela com as mãos, na maior brutalidade, e a fez esperar até 17h30 sentindo dores e ouvindo comentários ofensivos.
"Não consigo falar disso sem chorar. Teve horas que preferi morrer de tanta dor e descaso, uma falta de cuidado", lamenta.
Sobre o post no Facebook, explica que o motivo dela não é acusar ou ofender ninguém. "Mas precisamos falar disso: violência obstétrica é uma realidade!"
O filho dela nasceu e está bem.
Arquivo Pessoal Filha de Rosa e Roni faleceu |
Já no caso de Rosa e do marido dela, o eletricista Roni Willian Cuiabano do Couto, 30, a criança faleceu.
Eles registraram boletim de ocorrência e acionaram o médico no Judiciário.
Ela esperava uma menina, Vitória, e já estava no 9º mês de gestação.
O casal alega que o médico agiu com violência durante o parto, no dia 29 de maio deste ano, e a criança precisou ser reanimada após nascer, mas morreu uma semana depois, no último domingo (04).
“Vivi momentos de terror, empurraram minha bebê para dentro quando ela já estava saindo, depois forçaram minha barriga no centro cirúrgico, até a criança sair à força, não é certo isso, sinto até hoje dores em todo o corpo”, lamenta Rosa, ainda muito traumatizada. “Não consigo falar do assunto que choro”.
No dia do parto, ela começou a sentir contrações às 9h. Foi para o Hospital São Luiz e passou por consulta com o médico Jarbes. Às 15h, ultrassom constatou redução de líquido amniótico. A indicação do radiologista era de fazer uma cesariana, mas o obstetra insistiu no parto normal. Ficou sentindo dores até anoitecer. Por volta das 21h, o bebê “coroou”.
Rosa afirma que o médico chegou e começou a puxar a criança, mal humorado, mas uma enfermeira alegou que o ambiente não era propício, porque sujaria de sangue. A acusação é a de que nessa hora o médico empurrou a criança para dentro, para que a paciente fosse levada de maca ao centro cirúrgico, onde começaram a apertar a barriga dela com violência de tal forma que os pontos da cesárea do segundo filho dela, um menino de 2 anos, estouraram.
A parturiente teve hemorragia interna e foi encaminhada à UTI, em risco de morte.
No boletim de ocorrência, o marido narra que o médico a agrediu também verbalmente durante todo o parto. “Você é muito mole” - seria uma das expressões usadas por ele.
A Polícia Civil abriu inquérito para apurar o caso e a direção do Hospital São Luiz, onde ocorreu o parto, afastou o profissional, até que tramite processo interno para apurar, em 30 dias, a conduta dele.
O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), no qual é inscrito como ativo, não consta nada que o desabone.
A reportagem tentou falar com o médico sobre as acusações mas não conseguiu fazer contato e ainda não tem informações se ele constituiu advogado.