Ao firmar termo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR) e revelar a existência de um amplo histórico de esquema de corrupção nos poderes de Mato Grosso, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) ressaltou que teme ser morto por conta de suas confissões.
A observação consta na página 15, volume I, do seu acordo de colaboração premiada já homologado pelo ministro Luiz Fux do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 9 de agosto.
No pedido solicitado pelo advogado Délio Lins e Silva à Procuradoria Geral da República (PGR), o ex-governador pediu sigilo das informações.
"Ressalte-se que o presente encaminhamento se dá em caráter absolutamente sigiloso, não existindo por parte do ora requerente qualquer tipo de autorização no sentido de que terceiros saibam a respeito do mesmo, até porque o ora peticionário teme por sua vida no cárcere, caso sua intenção de colaborar venha a ser de conhecimento de determinadas pessoas", diz um dos trechos.
Porém, o ministro Luiz Fux determinou o fim do segredo de Justiça, o que permitiu suas confissões a respeito de um amplo esquema de corrupção vir a ser de conhecimento público.
Após permanecer 22 meses preso preventivamente no Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) pela acusação da Delegacia Fazendária e Ministério Público Estadual (MPE) de chefiar uma organização criminosa que desviava dinheiro dos cofres públicos do Estado, o ex-governador Silval Barbosa aderiu a colaboração premiada se comprometendo a auxiliar a Justiça em troca de redução ou até mesmo extinção da pena nos processos criminais em que figura como réu.
Nos depoimentos prestados na delação premiada, Silval Barbosa disse só foi escolhido para ser candidato ao Governo do Estado nas eleições de 2010 após aceitar herdar diversas dívidas do seu antecessor, o atual ministro da Agricultura Blairo Maggi (PP).
Além disso, delatou 68 pessoas, incluindo na maior parte políticos e empresários favorecidos com os esquemas de corrupção que visavam quitar dívidas de campanha e, ao mesmo tempo, assegurar o enriquecimento ilícito dos agentes envolvidos.
Em razão do acordo de colaboração premiada que uniu a esposa Roseli Barbosa, o filho Rodrigo Barbosa, o irmão Antônio Barbosa e o ex-chefe de gabinete Silvio César Corrêa de Araújo, a família Barbosa se comprometeu a devolver até R$ 80 milhões aos cofres públicos.
Atualmente, Silval Barbosa cumpre prisão domiciliar, numa cobertura, no bairro Jardim das Américas, na Capital.