Mapeamento nacional referente ao biênio 2017/2018 feito nas rodovias federais pelo efetivo da Polícia Rodoviária Federal (PRF) mostra que Mato Grosso tem 106 pontos vulneráveis à exploração sexual de crianças e adolescentes (ESCA). O número representa um aumento de 29% em relação ao levantamento anterior.
Com essa quantidade, o Estado ocupa a 10ª colocação do ranking com locais sensíveis à ESCA. O Paraná ocupa a primeira posição com 299 pontos seguido do Pará com 232 pontos. Em 2013/2014, eram 82 locais vulneráveis no Estado. A 7ª edição do “Mapear” foi divulgada, ontem, em parceria com a Childhood Brasil.
No país, o 7° mapeamento identificou um total 2.487 pontos vulneráveis à ESCA nas rodovias federais. Tal resultado representa acréscimo de 20% nos pontos em relação ao anterior, quando foram contabilizados 1969 locais vulneráveis. Do total, 489 foram considerados pontos críticos; 653, com alto risco; 776, com médio risco; e, por fim, 569 pontos foram avaliados como de baixo risco para ESCA.
Entretanto, em que pese o aumento do número de pontos vulneráveis há um decréscimo contínuo dos pontos considerados críticos, ou seja, dos pontos que possuem a maior possibilidade de ocorrência de exploração sexual de crianças e adolescentes. Neste caso, do biênio 2013/2014 para o biênio 2017/2018 houve uma redução de 77 pontos, aproximadamente 14%. E observando comparativamente o biênio 2009/2010 em relação ao biênio 2017/2018, a redução é ainda maior, totalizando uma diferença de 435 pontos, aproximadamente 47%.
“Essa involução dos pontos críticos coincide com o período de 2009, no qual a PRF, em parceria com a Childhood Brasil e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), estabeleceram indicadores e critérios com uma maior qualificação, permitindo maior grau de consistência dos dados primários colhidos nas rodovias, garantindo mais eficiência nas ações de prevenção e repressão”, aponta o estudo. “E por fim, o trabalho contínuo da PRF nas rodovias federais contribui de forma definitiva para essa redução”, acrescenta.
O trabalho de mapeamento dos pontos vulneráveis pela PRF começou em 2004. Um ano antes, o Governo Federal definiu como prioridade o enfrentamento desse tipo de crime. E, a partir de 2009, passou a classificar os pontos vulneráveis em quatro níveis: desde os de baixo risco, passando pelos de médio, alto, e, finalmente, o crítico. De 2005 até hoje, a PRF retirou de locais de risco em rodovias e estradas federais um total de 4.766 crianças e adolescentes vulneráveis. As ações policiais são planejadas e executadas de acordo com o grau de vulnerabilidade, que acaba determinando a forma e a urgência das respostas.
Desde 2009, a PRF conta com a parceira da Childhood Brasil, no trabalho de enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes nas rodovias federais. Criada em 1999 pela Rainha Sílvia da Suécia, a Childhood Brasil, através do Programa Na Mão Certa, contribui com a PRF na articulação intersetorial (governo, empresas e sociedade civil), com a capacitação do efetivo policial e ainda disponibiliza material didático e de comunicação para divulgação do enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes.
Esta edição do “Mapear” traz outro dado emblemático. Conforme o levantamento foi sendo realizado ano a ano, em alguns estados foi detectada a “migração de pontos” para dentro pontos que não estão à beira de rodovias federais. “Notamos que com a maior identificação e atuação nos pontos vulneráveis, aliando a repressão com campanhas preventivas e educativas incentivando o uso do Disque 100, houve a “interiorização” dos ambientes suscetíveis à exploração que agora estão se instalando em rodovias estaduais e isso traz uma urgência para a transferência da metodologia do MAPEAR às Polícias Rodoviárias dos Estados mais críticos”, comenta Eva Dengler, Gerente de Programas e Relações Empresariais da Childhood Brasil.
O presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da PRF, Igor de Carvalho Ramos, também destaca o papel do projeto. “O MAPEAR é um importante instrumento de análise de risco com a capacidade de subsidiar ações preventivas e repressivas, além de orientar políticas públicas e privadas. Os dados trazem luz ao risco da exploração sexual de crianças e adolescentes e já contribuiu com o resgate de milhares de meninas e meninos”, disse por meio da assessoria de imprensa.
O enfrentamento à exploração sexual de crianças e adolescentes é um trabalho complexo e que necessita uma atuação articulada e intersetorial, pois estamos lidando com um crime multicausal. Qualquer pessoa que identi?car uma situação suspeita pode denunciar pelo Disque 100 ou utilizar o aplicativo Proteja Brasil.