Entre janeiro e julho deste ano, 1.626 celulares foram apreendidos dentro das 55 unidades prisionais de Mato Grosso. A informação foi confirmada ao Gazeta Digital pela Secretaria de Estado de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh-MT), pasta responsável pela administração do sistema penitenciário no Estado. O balanço contabiliza apreensões feitas em revistas nas celas e também com visitantes que em alguns casos são flagrados durante revistas pessoais tentando entrar com telefones.
Quando se divide o total de celulares por 180 dias chega-se a uma média de 9 aparelhos apreendidos por dia. Ainda assim, o atual presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários de Mato Grosso (Sindspen-MT), Amaury Neves, avalia que o número de apreensoes "é baixo". Justifica que isso acontece em virtude de alguns fatores.
A 1ª situação, conforme o sindicalista, seria porque as revistas em visitantes não são feitas como deveriam por falta de melhores condições de trabalho. Atualmente, por exemplo, os servidores do sistema penitenciário usam banquetas e raquetes para fazer as revistas, mas não são eficientes. Isso, de acordo com Amaury Neves, contribui para menor número de apreensões de produtos ilícitos, principalmente dos aparelhos celulares que chegam até as unidades prisionais.
"O ideal seria termos o scanner corporal, que permitiria atender o requisito legal de não constranger a visita, bem como, conseguiríamos ter um resultado mais eficaz nas apreensões. Mas, falta investimentos por parte do governo. Ele deveria dar um pouco mais de prioridade para essas questões", ressalta.
Em uma matéria divulgada pelo Gazeta Digital no dia 30 de julho deste ano, o presidente também afirmou que Mato Grosso não renova efetivo nas penitenciárias há 8 anos. A superlotação e a falta de prioridade na segurança são as queixas mais frequentes entre os cerca de 2,4 mil agentes penitenciários.
Outro ponto levantado pelo sindicalista, é que o número de servidores é insuficiente. "Todos os dias quando os presos saem para o banho de sol, os agentes penitenciários fazem uma revista dinâmica para verificar vestígios de tentativa de fuga, como grade serrada e indícios de túnel. Isso é rotina. Quanto às buscas de produtos ilícitos, por precisar de um efetivo maior, são realizadas de acordo com a necessidade e atendendo recomendação das direções das unidades", pontuou.
Porém, o presidente do Sindspen garante que as revistas assim como as que surgem de denúncias são realizadas pelos servidores de forma bastante criteriosa. "Elas serão sempre realizadas conforme a necessidade e a quantidade de efetivo. Há um grau de comprometimento muito grande por parte do servidor penitenciário. São servidores que tem se dedicado".
Por fim, ele ressalta que mesmo sem ter as condições ideais de trabalho, os servidores do sistema penitenciário de Mato Grosso desempenham suas funções da melhor maneira possível. "Temos procurado arriscar as nossas próprias vidas, vivendo uma vida social cada vez mais regrada para proporcionar segurança para a nossa sociedade e principalmente a nossos servidores que estão dentro das unidades", finaliza.