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Não me deem rótulos, me deem café !
Por por Cristhiane Ortiz
10/10/2018 - 09:30

Foto: arquivo

Nunca gostei de rótulos, sempre detestei ! Desde pequeno as pessoas insistem em nos rotular, nos apelidam de gordo, de baixinho, de louco, e outros estereótipos que nos acompanham a vida toda. Tem certas coisas que nos acompanham a vida fora, algumas conseguimos superar, outras não !

Porque insistem em nos rotular? Nos classificam e nos rotulam, quase sempre: de baixinho, gordinho, magrinho, metido, enfim, o ser humano parece que necessita de rótulos, e de nomes para demarcar território, e colocar tudo em seu devido lugar. Como se fôssemos bicho, ou um objeto que é necessário classificar, um objeto que não tem nome, fica sem referência.

Se você se relaciona com pessoas do mesmo sexo, e possui relacionamento homo afetivo, você é gay, e outros nomes que prefiro não reforçar! Existem rótulos para tudo nessa vida, para tipo de alimentação, ou você é vegano, naturalista, etc, etc, para estilo de música, religião, ou é ateu, ou crente, católico, evangélico, de trabalho, ( workaholic), ou desocupado, enfim sem os rótulos não podemos identificar o mundo e as coisas. Na política, ou é da esquerda, ou da direita, ou alienado, afinal é preciso delimitar e coisificar o mundo, e as pessoas. Se você chora, é sensível, ou chantagista, se não, é frio, e insensível, se é ponderado, diplomático, é covarde, enfim, o mundo é feito de paradoxos, e parece que tudo tem que ser muito bem explicado, definido, e sobretudo delimitado. Cada um no seu quadrado, separado, marcado, feito gado.

Sobre o negro, a atriz Taís Araújo disse numa entrevista que uma amiga dela foi indagada sobre qual seria a melhor forma de ser chamada, se era melhor ser chamada de negra, preta, ou outro nome, e a amiga respondeu que era melhor chamada pelo nome. Sobre política, ou você é da direita, ou da esquerda, eu que não gosto de extremos, sou alienada, pois dispenso qualquer rótulo, e confesso não me interessar pelo tema, mas de uma coisa entendo, respeito, não ser evasivo, compreender que cada um tem um modo de ver o mundo, e o mínimo que podemos fazer é aceitar, mesmo porque não podemos mudar as pessoas e as maneiras que elas entendem. “Dialogar é dizer o que você pensa, e aceitar o que as pessoas pensam a respeito disso”, senão trata-se de um monólogo, de imposição, isso tem um rótulo: autoritarismo. Somos diferentes, é importante que cada um fale do lugar que pertence, mas isso não deve significar que só podemos falar desse lugar, posso falar de um lugar que não seja o meu, não preciso ser negra pra entender que existe o racismo, como não é necessário ser gorda pra sentir que certos apelidos ferem e constrangem. O que é preciso é se colocar no lugar do outro, ter consciência que os estereótipos agridem e podem causar sérias consequências tanto para o agressor, como às vítimas, já vimos casos de bullyng que chegaram a extremos. Talvez seja melhor deixar a comparação de lado, deixar de tentar se equiparar a tudo e a todos. Entender que não importa o que você faça ou diga aquela pessoa vai continuar a ser a mesmíssima coisa, ou (não) vai continuar a exercer o rótulo que você escolheu pra ela.

 

Cristhiane Ortiz Lima é graduada em Letras na UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

Mestranda em Linguística na UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO.

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