Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
CÁCERES – Cidade onde o rio Paraguai passa ficando
Por Boa Mídia
05/10/2019 - 11:40

Foto: Boa Mídia
Pensem numa cidade tão identificada com seu rio Paraguai e a pesca, que a maneira de seu povo agradar a alguém é chamando-o de Meu peixe! Esse lugar é Cáceres, um paraíso no Pantanal, ao lado da Bolí dade do Estado (Unemat), a abençoada localização geográfica que a faz ponto mais ao Norte da Hidrovia do Mercosul e ponto equidistante do Corredor Bioceânico.
Agora, saibam que Cáceres tem o pior tratamento de esgoto em Mato Grosso, Isso,  eleição após eleição o município elegendo deputados estaduais, deputados federais, senador, vice-governador, prefeitos e vereadores.
Pois essa cidade, onde o rio Paraguai passa ficando e que completa 241 anos de fundação ganha essa reportagem especial de Boamidia.

 

via, onde vivem 94.376 cacerenses natos e adotados, e onde se promove o maior festival de pesca fluvial  embarcada do mundo. Somem a isso cenários de rara beleza natural, a sede da Universidade do Estado (Unemat), a abençoada localização geográfica que a faz ponto mais ao Norte da Hidrovia do Mercosul e ponto equidistante do Corredor Bioceânico.
Agora, saibam que Cáceres tem o pior tratamento de esgoto em Mato Grosso, Isso,  eleição após eleição o município elegendo deputados estaduais, deputados federais, senador, vice-governador, prefeitos e vereadores.
Pois essa cidade, onde o rio Paraguai passa ficando e que completa 241 anos de fundação ganha essa reportagem especial de Boamidia.

 

Cáceres foi fundada em 6 de outubro de 1778, por ordem do quarto governador da província de Mato Grosso e capitão-general  Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres – daí, seu nome –, à margem esquerda do rio Paraguai, para reforçar a presença da Coroa Portuguesa na área de fronteira com os domínios da Espanha. Nesse domingo, a cidade completa 241 anos. Ao lado da Catedral Diocesana de São Luís, na Praça Barão do Rio Branco, está o Marco do Jauru, construído em Lisboa e que foi colocado à margem do rio Jauru em 18 de janeiro de 1754, pelo primeiro governador de Mato Grosso, Dom Antônio Rolim de Moura Tavares, para demarcar a fronteira dos domínios de Portugal e Espanha, extraída do Tratado de Madrid. Em 2 de fevereiro de 1883 esse memorial foi removido para o local onde agora se encontra, pelo então tenente-coronel Antônio Maria Coelho.

O município, com 24.593,031 quilômetros quadrados, é um dos maiores em Mato Grosso, e supera a extensão territorial de Sergipe, de 21.910,348 quilômetros quadrados. Cáceres tem 94. 376 habitantes (sexto município mais populoso de Mato Grosso incluindo Cuiabá) com densidade demográfica de 3,61 habitantes por quilômetro quadrado. O seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0.708 numa escala de zero a um. A cadeia pecuária é a principal atividade econômica e seu rebanho bovino é de um milhão e cem mil cabeças de mamando a caducando. O turismo tem importante participação na economia. A cidade promove anualmente o Festival Internacional de Pesca Esportiva (FIPe), considerado a maior competição de pesca embarcada em água doce no mundo – esse evento movimenta o setor turístico.

A cidade é um braço do grande rio Paraguai

A cidade é um braço do grande rio Paraguai

 

Comarca de Terceira Entrância, Cáceres também é sede do aquartelamento do 2º Batalhão de Fronteira do Exército. A Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) nasceu em Cáceres, onde se localiza sua reitoria e o principal campus.

No campo da memória militar Cáceres reverencia o sargento do Exército Luiz Geraldo da Silva, ao qual deu o nome de seu estádio municipal e o popularizou enquanto Estádio Geraldão. Luiz Geraldo da Silva morreu nos campos de batalha na Itália, lutando contra o nazismo e o fascismo nas fileiras da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Foi um dos 16 mato-grossenses que derramaram sangue e perderam a vida na Segunda Guerra Mundial

Cidade plana, no Brasil, Cáceres tem uma das maiores taxas proporcionais de bicicleta por habitante. No centro as ruas são estreitas e serpenteiam entre o casario histórico. Nos bairros novos as vias são largas e boa parte da cidade é pavimentada.

Ponto mais ao Norte da Hidrova do Mercosul, com 3.342 quilômetros até Nueva Palmira, no Uruguai, e que também banha a Bolívia, Paraguai e Argentina, Cáceres é perfeitamente identificada com a navegação fluvial, que em seus primórdios foi seu único meio de acesso. Pela hidrovia a economia cacerense exportava charque, poaia, madeira, açúcar mascavo, látex, milho e arroz, e importava manufaturados, cerâmica, cimento, medicamentos e outros produtos.

Um projeto prevê a construção do Porto de Santo Antônio das Lendas,  cerca de 86 quilômetros abaixo das instalações portuárias existentes na área urbana. A obra ainda não começou, apesar de lançada há quase duas décadas. Além disso, para viabilizar o embarque será preciso pavimentar 68 quilômetros da BR-174 até a barranca do rio – esse trecho foi federalizado, mas tanto a pavimentação quanto o complexo portuário permanecem no papel.

Com o passar do tempo a cidade ganhou outras matrizes de transporte e conta com Aeroporto Nelson Dantas, que tem pista pavimentada; com acesso por rodovias federais asfaltadas para o Centro-Sul, Rondônia e Bolívia, e estradas estaduais também com pavimento, para as cidades circunvizinhas, à exceção de Porto Estrela. Cáceres dista 210 quilômetros de Cuiabá pela BR-070 e 85 quilômetros de San Matias, na Bolívia, pela mesma rodovia.

A cidade e seu rio Paraguai

A cidade e seu rio Paraguai

Em sua expedição pela Amazônia em 1913/14, o ex-presidente americano Theodore Roosevelt passou por Cáceres acompanhado pelo futuro Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon.

O médico, jornalista e líder da revolução baiana SabinadaFrancisco Sabino Vieira, após condenação e comutação de sua pena capital viveu em Cáceres e prestou serviços médicos humanitários aos cacerenses. Reconhecendo seu trabalho a cidade lhe rende homenagem: uma rua recebeu o nome de Dr. Sabino Vieira.

A sanguinária Coluna Prestes cruzou as terras cacerenses em sua fuga para a Bolívia.

Cáceres enfrenta problemas com o narcotráfico. Por sua localização na fronteira com a Bolívia se tornou rota da cocaína. Parte da população carcerária feminina cacerense é formada por bolivianas presas transportando pequenas quantidades de drogas. Essas mulheres são chamadas de “mulas” – mesmo tratamento dispensado aos homens.

Cáceres é um dos cinco municípios na fronteira com a Bolívia, com 983 quilômetros – 730 quilômetros em solo firme. Esse grupo se completa com Poconé, Porto Esperidião, Vila Bela da Santíssima Trindade e Comodoro.

Ponte Marechal Rondon sobre o rio Paraguai -BR-070/174 construída pelo governo do presidente JK

Em Cáceres a ponte Marechal Rondon sobre o rio Paraguai -BR-070/174 construída pelo governo do presidente Juscelino Kubitschek 

LOGÍSTICA – Cidade no ponto equidistante no Corredor Bioceânico Atlântico-Pacífico, Cáceres espera a conclusão de um pequeno trecho de rodovia na Bolívia, e da liberação do mercado do volante profissional naquele país – controlado pela COB – central operária semelhante às entidades sindicais brasileiras -, para alcançar os portos do Norte do Chile e Sul do Peru, no Pacifico.

O gasoduto Bolívia-Mato Grosso cruza Cáceres, que  não tem tem city gate para liberar o gás natural boliviano para indústrias e a frota automotiva daquela e das vizinhas cidades.

Cáceres aguarda há décadas a construção da Zona de Processamento de Exportação (ZPE), mas por enquanto, essa obra não passa de promessa política.

Esgoto é vergonhoso

Cáceres não trata esgoto e polui seu rio Paraguai

Cáceres não trata esgoto e polui seu rio Paraguai

Cáceres é uma vergonha na área de esgoto. Isso é o que aponta o Ranking da Universalização do Saneamento 2019, divulgado na segunda-feira, 17, pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes). No mesmo levantamento Rondonópolis ocupa cômoda posição. Várzea Grande, Sinop e Sorriso sequer reúnem condições para ranqueamento.

Nacionalmente, o ranking avaliou 1.868 dos 5.570 municípios, dos quais, 19 em Mato Grosso, incluindo  grandes, médios e pequenos.

Cuiabá, Rondonópolis, Tangará da Serra, Cáceres, Barra do Garças,  Alta Floresta, Pedra Preta, Peixoto de Azevedo, Novo São Joaquim Nova Xavantina, Mirassol D’Oeste, Colíder, Cláudia, Juína, Juara, Alto Araguaia, Ribeirãozinho, Diamantino e Barra do Bugres foram avaliados.

Em Cáceres a água chega em 79,50% dos imóveis construídos, a coleta de esgoto é de 5,66% e seu tratamento não vai além de 9,48%. A cidade recolhe 87,07% dos resíduos sólidos e dá destinação correta a ele.

A população cacerense é de 94.376 habitantes. Ao lado da cidade o rio Paraguai recebe as águas do Sepotuba e do Cabaçal. Ou seja, de cada 10 litros de esgoto lançado ao rio Paraguai – principal formador do Pantanal – nove não têm nenhum tipo de tratamento.

ZPE natimorta

 

Mauro sepulta ZPE, Francis cruza dos braços e Moretto (sentado) sorri

Brasília, 7 de março de 1990.  O presidente José Sarney cria a Zona de Exportação de Cáceres (ZPE) numa área de 247 hectares. Ao longo  de 29 anos os governadores que se sucederam no cargo não conseguiram tirá-la do papel.

Cuiabá, 15 de abril de 2019. O governador democrata Mauro Mendes assina seu atestado de óbito.

Acabou.

Pelo menos nos próximos anos não se deve sonhar com ZPE em Cáceres.

O atestado de óbito?

Mauro recebeu em seu gabinete o prefeito de Cáceres, Francis Maris (PSDB) acompanhado por vereadores numa delegação liderada pelo deputado estadual Valmir Moretto (PRB), que tem base eleitoral no polo daquela cidade – em Nova Lacerda, onde foi prefeito duas vezes

Na pauta a ZPE.

Mauro ouviu, saiu pela tangente e jogou a batata quente nas mãos dos políticos que corriam o pires pela ZPE.

O governador disse que não botaria sal em carne podre. Em suma, para atender o pedido pela ZPE (sua construção), Mauro pediu que Francis lhe entregasse uma relação de empresas que assumissem compromisso de se instalarem naquele local – e que esse rol fosse suficientemente forte para viabilizar o empreendimento.

Foi a pá de cal no sonho de Cáceres. Qual empresário com atuação internacional se oferecerá para viabilizar um empreendimento público?  – Rabo não balança cachorro.

Para se entender ZPE: trata-se de um centro de industrialização que necessariamente tem que exportar 80% de sua produção podendo desovar 20% no mercado doméstico. Como fazer isso numa cidade distante dos portos do Atlântico?

Numa região que tem um caminho natural para o Atlântico pela Hidrovia do Mercosul, com 3.342 quilômetros até Nueva Palmira (Uruguai), mas que a mesma sofre embargos ambientais no Brasil.?

Numa região que não tem porto compatível para escoar produção de uma ZPE, já que não consegue viabilizar o porto de Santo Antônio das Lendas e sequer seu acesso pavimentado de 68 quilômetros?

Numa região que não tem força política para cobrar a pavimentação da MT-343 de Porto Estrela a Cáceres, para reduzir o trajeto entre o Chapadão do Parecis e aquela cidade?

Numa região distante 1.700 quilômetros dos portos do Norte do Chile e do Sul do Peru, pelo Corredor Bioceânico que depende de pavimentação em parte da Bolívia e o Brasil não se interessa por ela?

Numa região cruzada pelo gasoduto Bolívia-Mato Grosso, mas que não tem um city gate sequer?

Se Mauro tivesse interesse pela causa cacerense ao invés de exigir uma relação de investidores, cumpriria seu papel e construiria a ZPE.

 

A musa Aline Fontes

 

Aline Fontes nasceu em Cuiabá, mas logo após o primeiro choro pegou a estrada para Cáceres, a cidade onde passou a infância, juventude e vive sua plenitude de mulher. Só isso? – Não. Na passarela ela conquistou o Título de Miss Mato Grosso em 2017, superando  em beleza, charme, encanto e um quê de menina-arrasa mundo as outras 14 concorrentes.

A mais bela mato-grossense é um Meu peixe para sua cidade, onde sua família tem tradição política. O avô paterno médico Antônio Fontes, e o pai e advogado Túlio Fontes, foram prefeitos do município, sendo que Túlio também se elegeu deputado estadual.

O fato de ter nascido em Cuiabá não a faz menos cacerense. Boa parte da população é formada por brasileiros de todos os rincões do país e cada dia acontece mais e mais miscigenação com casamentos de gaúchos com pantaneiras, com brasileiros e bolivianas e vice-versa. Num processo antigo, mas que ganhou volume a partir da década de 1970, a Terra de Albuquerque ou Princesinha do Paraguai é uma Babel em expansão.

Ao mesmo tempo em que ganha novos moradores, a cidade também envia cacerenses para outros lugares. Foi assim que o compositor, cantor, músico e pesquisador musical Guap, que deixou sua Cáceres por Cuiabá, e o mesmo caminho também foi percorrido pelo padre Firmo Pinto Duarte Filho e o ex-deputado estadual Augusto Mário Vieira, ambos não mais entre nós.

Redação Boamidia

FOTOS:

1 – Luiz Eduardo Freitas de Andrade

2, 4 e 7 Divulgação Prefeitura de Cáceres

3 e 5 José Medeiros

6 – Governo de Mato Grosso Divulgação

 

Carregando comentarios...