A crise financeira e estrutural do Hospital São Luiz, em Cáceres- administrado pela Pró-Saúde -, virou caso de polícia. Depois das reclamações de pacientes pela falta de medicamentos, atraso no pagamento de salários e a má qualidade da alimentação, agora as denúncias são dos próprios profissionais de saúde, pela falta de médicos para atendimentos na UTI, o que poderia ter ocasionado a morte de um paciente.
O caso aconteceu na noite de sábado. Porém, somente, nesta quarta-feira (31/03) se tornou público. A direção da Pró-Saúde demitiu “por justa causa”, na segunda-feira (29/03) dois dias depois, a coordenadora da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Vivian Vieira Alexandre, acusada de ter denunciado o ocorrido à polícia.
Foram registradas duas ocorrências junto a Polícia Judiciária Civil (PJC), em menos de 72 horas. A primeira foi no domingo. Um enfermeiro, entrou em contato com a PJC para relatar que, na noite de sábado, não havia médicos na UTI, o que poderia ter resultado na morte de um paciente. Disse que, no momento, comunicou a coordenadora da unidade e no dia seguinte registrou a ocorrência.
Na manhã desta quarta-feira (31/03), a denúncia foi feita, conforme o delegado plantonista, Wilson de Souza Santos, por um médico, via telefone, informando que a situação (falta de médicos na UTI) ainda persistia.
Através de um telefonema à redação do Diário de Cáceres, um profissional médico informou que faltam seringas, linha para sutura e até agulhas específicas para a aplicação de anestesia. "Colegas trabalham levando materiais para conseguirem realizar as cirurgias".
Em Nota a direção da Pró-Saúde diz que “nenhum paciente ficou desassistido no período. Durante a falta não programada de um plantonista, a unidade agiu prontamente para remanejar o corpo clínico, mantendo o atendimento” (Veja Nota a íntegra da Nota no final da reportagem)
Além das ocorrências recentes, o hospital, desde que passou a ser administrado pela Pró-Saúde, em janeiro de 2019, acumula uma série de denúncias de supostas irregularidades que vão desde falta de insumos, salários atrasados, má qualidade de alimentação e falta de médicos. Em dois anos de gestão a empresa já trocou de diretores, pelo menos, quatro vezes.
Devido as deficiências estruturais, administrativas e financeiras do Hospital em novembro de 2020, o Ministério Público (MP) solicitou a intervenção do Estado, na unidade. O promotor Rinaldo Segundo enviou “despacho” ao Escritório Regional de Saúde, solicitando a realização de estudo para a intervenção.
Coordenadora demitida
Os funcionários afirmam que trabalham sobre pressão e ameaças de penalidades com demissão caso denunciem as deficiências da unidade. Vários foram já foram demitidos por tornarem públicas as irregularidades. A última foi a coordenadora da UTI, Vivian Vieira Alexandre. Vivian foi demitida na segunda-feira (29/03).
Além das supostas irregularidades, os profissionais reclamam da falta de insumos, estrutura para melhores condições de trabalho e atraso no pagamento dos salários. Afirmam que o último pagamento ocorreu no mês de novembro do ano passado.
NOTA À IMPRENSA
A direção do Hospital São Luiz (HSL) informa que, em relação as ocorrências citadas pela reportagem, nenhum paciente ficou desassistido no período. Durante a falta não programada de um plantonista, a unidade agiu prontamente para remanejar o corpo clínico, mantendo o atendimento.
Em razão do rompimento do contrato anterior feito inesperadamente pela empresa prestadora de serviços médicos, a direção informa, ainda, que após tomar as devidas medidas cabíveis, segue em tratativas para efetivar nova contratação.
Sobre a demissão apontada pela reportagem, o fato está relacionado a questões de ordem orçamentária. Em relação ao óbito, o São Luiz se solidariza com familiares e amigos da paciente. Com mais de 90 anos, embora tenha recebido todos os cuidados, ela não resistiu ao quadro grave de Covid-19.