Durante cerca de 40 semanas de gestação, o bebê se une à mãe por meio do cordão umbilical e placenta, que são responsáveis por levar oxigênio e todos os nutrientes necessários para a formação da nova vida. A placenta funciona como o rim, pulmão, fígado e intestino do bebê. No trabalho de parto, após a mulher dar à luz, as contrações também atuam para expulsar a placenta, como ato final do parto. Além da emoção vivida pelas famílias nesse momento, o Hospital São Luiz (HSL), em Cáceres, desenvolveu um projeto para entregar uma recordação às mães sobre a experiência do parto.  
 
O "Árvore da Vida: seu amor eternizado" consiste em utilizar a placenta, logo após o parto no HSL, como carimbo em uma folha de papel. O desenho deixado pelo órgão se assemelha a uma árvore, com suas ramificações. Na folha, a equipe assistencial também deixa mensagens de carinho e registra informações sobre o nascimento do bebê, como horário do parto, data, nome dos pais, peso e tamanho. A família pode emoldurar o desenho e levar a recordação para casa. 
 
O São Luiz é uma unidade própria da entidade filantrópica Pró-Saúde. A entidade, presente em mais de 20 regiões do país, estimula o desenvolvimento de ações de humanização que possam tornar a experiência hospitalar mais positiva. O projeto "Árvore da Vida" é desenvolvido pela equipe de Enfermagem da maternidade em conjunto com o Grupo de Trabalho de Humanização (GTH). Ele compõe uma série de iniciativas com o objetivo de humanizar o parto e o início da vida do bebê. 
  
A proposta do projeto surgiu a partir da experiência da enfermeira obstetra Arlete Santiago, após pesquisar sobre o tema em outras unidades de saúde pelo Brasil. "Eu estava estudando sobre gestação e partos, quando me deparei com pinturas feitas da própria placenta. Me apaixonei pelo trabalho e por todas as histórias que ficaram marcadas no papel. Na mesma semana, fiz o meu primeiro carimbo. Toda a equipe do hospital abraçou a ideia e, assim, criamos o projeto", explicou.  
  
Para Arlete, as famílias se sentem agradecidas com a iniciativa. "Tanto as mães como os acompanhantes ficam visivelmente emocionados e enxergam isso como um gesto de carinho e atenção prestado pela equipe. Isso nos motiva, pois a resposta é sempre gratificante".  
 
Como funciona o processo? 
  
Durante a gravidez, a placenta tem a função de promover a comunicação entre a mãe e o bebê, além de proteger o feto de qualquer agente negativo ao seu desenvolvimento adequado. 
  
Quando a criança nasce o órgão cumpre o seu papel. Para a realização da arte no Hospital São Luiz, a placenta é retirada e preservada por inteira. Ao final do parto, depois que todos os procedimentos e cuidados são realizados junto a mãe e o bebê, a produção da pintura tem início. Além de presenciar a realização da arte, a mãe escolhe a cor que gostaria de ver no desenho.  
  
Para Haillany da Silva, mãe que recebeu o presente após o nascimento do seu bebê no São Luiz, a experiência será inesquecível. "Eu não esperava receber essa lembrança, fui surpreendida. A ação foi algo muito bonito por parte dos profissionais da saúde. Não conseguirei esquecer desse dia. Todos foram muito bons comigo, agradeço os profissionais que me atenderam", comenta. 
  
A realização do desenho junto com a placenta utiliza algumas técnicas para a sua produção. Além da aplicação de tinta, existe ainda a mistura de cores, diluição em água, limpeza da placenta e a utilização de papéis específicos. Todas essas medidas servem para a tinta aderir melhor ao lado exterior da placenta e, assim, tornar mais estruturado o formato de uma árvore, com o intuito de evidenciar as ramificações da placenta. 
  
O projeto "Árvore da Vida" teve início em 2019, como uma ação informal da Enfermagem. Por conta da pandemia, a iniciativa foi interrompida em 2020. Mas neste ano, as pinturas foram retomadas e implantadas oficialmente na unidade, seguindo todos os protocolos de segurança, uma vez que não oferecem risco de contaminação.  
 
Gerenciado pela Pró-Saúde, o Hospital São Luiz é especializado em gestações de alto risco, sendo referência no atendimento em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal, Ginecologia e Pediatria para 22 municípios do Oeste Mato-grossense e para algumas cidades do país vizinho, a Bolívia.