Em meio à crise na saúde pública causada pela pandemia da Covid-19, que tristemente perdura há mais de um ano em todo o mundo, em Cáceres (MT), a situação é extremamente preocupante.
O tradicional Hospital São Luiz, fundado em 1938, e que desde 1993 era administrado pela Associação Congregação de Santa Catarina (ACSC), atendendo por décadas não só o município, mas toda a região Oeste do estado, que são 22 municípios, com aproximadamente 350 mil habitantes, e também socorre o país vizinho, visto a proximidade da cidade boliviana de San Mathias, de tempos pra cá, tem deixado a desejar, acumulando uma série de questionamentos da população que tanto precisa da importante unidade hospitalar, como do poder público, que tem cobrado explicações para que medidas sejam tomadas, pois num momento em que a sociedade tanto precisa, é inaceitável a precariedade instalada nos mais diversos setores do HSL.
Recentemente foram realizadas audiências públicas na Câmara Municipal, onde denúncias foram devidamente formalizadas, através de funcionários da unidade, pacientes, conselho municipal de saúde - CMS, e também de médicos que desabafaram a angústia e a falta de condições de trabalho na unidade, estiveram presentes também vários vereadores, representantes das secretarias de saúde do município e do estado, e também do Deputado Federal Dr. Leonardo, que é médico e atuou por muitos anos no HSL.
A Pró-Saúde assumiu a gestão do Hospital São Luiz no final de 2018, e segundo informações colhidas, foi quando a situação se agravou, durante esse período foram trocados inúmeros diretores, literalmente tapando buracos, empurrando o problema de um para outro, que quando começava tomar pé da situação, já era substituído, desabafou uma colaboradora.
O Governo do Estado informou na Câmara Municipal que os repasses estão em dias, que na gestão Pró-Saúde (últimos 24 meses), foram pagos aproximadamente 50 milhões ao Hospital São Luiz, referente apenas a 01 (um) contrato junto ao governo estadual, contrapondo ao que a administração do HSL (Pró-Saúde), que não enviou nenhum representante às audiências, por muita vezes justifica, alegando que a ausência e atrasos nos repasses acabam gerando a crise financeira na unidade, porém os documentos apresentados mostraram outra realidade.
O Hospital acumula dívidas, que são de conhecimento público e por conta da inadimplência de valores expressivos, diversos profissionais da saúde, empresas prestadoras de serviços e até mesmo fornecedores suspenderam suas atividades junto ao HSL, ocorrendo a contratação de outras terceirizadas, e até mesmo deixando de oferecer determinados serviços no Hospital.
Um dos maiores Laboratórios da região, o São Matheus que prestou serviços por mais 08 anos junto ao Hospital São Luiz, e teve de encerrar suas atividades na unidade hospitalar em Setembro/2020, por conta da falta de pagamento, onde o valor atualizado, hoje supera 1,5 milhões, explicam que “a permanência tornou-se insustentável, pois mantínhamos um serviço de qualidade, com profissionais, equipamentos e insumos próprios, jamais deixamos de realizar os serviços, cumprimos fielmente os contratos, e ainda permanecemos atendendo por mais de um ano e meio sem receber, é inconcebível” desabafam os empresários, completando, “na gestão anterior, da Congregação Santa Catarina, não sofremos com esse tipo de problema financeiro, poderiam haver atrasos, mas sempre nos pagaram”.
O advogado Alexandre Quidá, que representa um grupo de credores, informou à reportagem que há meses vem entabulando acordos junto à diretoria estatutária da Pró-Saúde, via de seu Presidente Arcebispo Dom João Bosco Óliver e do Vice-Presidente Padre Robson Gonçalves, bem como com a diretoria executiva em São Paulo, no entanto, não tem mais observado um interesse de forma objetiva, para uma solução efetiva por parte da empresa, informa que buscava acordos flexíveis, entendendo o momento de crise, mas que houvesse ao menos um start nos pagamentos das dívidas, e que em certo ponto, viu que não aconteceria, motivo pelo qual encerrou as negociações administrativas e iniciou a tomada de medidas judiciais pertinentes, o que de fato não era o objetivo desde o início das tratativas, - “em respeito à história do Hospital São Luiz, à Igreja Católica, aos profissionais que lá trabalham, e em especial à população que tanto necessita da unidade, tentamos diversos acordos, os quais restaram infrutíferos. É inadmissível, um grupo grandioso como a Pró-Saúde, com mais de 30 hospitais pelo país, se instalar em Cáceres, e simplesmente não cumprir com contratos firmados, se amparando na situação pandêmica em que vivemos, e também na filantropia a qual se enquadram, se mantendo inadimplentes em vários compromissos, acreditando que terão guarida judicial, e que no momento não poderão sofrer reprimendas por conta da atividade que exercem, o que de fato não é uma realidade, se assim fosse, a insegurança jurídica estaria instalada em nosso sistema, e esquivar-se de dívidas seria uma constante”, pontuou o advogado.
Importante registrar que recentemente o Estado e o HSL celebraram um aditivo contratual, em que o Hospital São Luiz terá um significativo aumento no repasse, em mais de 500 mil reais mensais, acrescendo aproximadamente 6 milhões ao ano, que somados ao valor que já é repassado atualmente, o Hospital da Pró Saúde receberá do Governo do Estado de Mato Grosso, 30,6 milhões, no período entre Março/2021 a Março/2022.
OUTRO LADO
A Pró-Saúde, entidade gestora do Hospital São Luiz (HSL), em Cáceres, reafirma que mantém diálogo constante e transparente com todos os órgãos da sociedade civil. É fundamental esclarecer que ataques e acusações sem provas em nada colaboram para solucionar a grave crise sanitária pela qual Cáceres e todo o País atravessam.
A informação de que o São Luiz possui uma dívida de R$ 20 milhões é completamente inverídica. A instituição tomará todas as medidas cabíveis para combater esse tipo de fake news e responsabilizar seus autores.
Sobre a relação comercial com o Laboratório São Matheus, cabe esclarecer que, desde o ano passado, o São Luiz mantém tratativas para equacionar os débitos existentes. A entidade, no entanto, esclarece publicamente que todas as negociações com prestadores de serviços seguem rigorosas diretrizes de seu Compliance, respeitando as boas práticas de gestão e a legislação vigente. (Comunicação - Hospital São Luiz)