Afrouxamento das medidas de restrições contra o coronavírus (covid-19) associado à falta de conscientização da população, variantes do vírus e lentidão na imunização podem levar Mato Grosso a enfrentar uma 3ª onda da pandemia. Especialistas afirmam que após uma quarentena mais rígida, o ideal é um planejamento em rede entre os gestores para a retomada gradativa da circulação de pessoas, com objetivo de evitar que as altas estatísticas se tornem um cenário permanente e milhares de pessoas continuem morrendo devido à infecção pelo vírus.
O infectologista e pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação Científica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Icict/Fiocruz), Diego Xavier, diz que apesar de uma tendência de diminuição de óbitos, MT ainda enfrenta um nível muito alto no número de casos. A taxa de ocupação de leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) continua em torno de 90%. Ressalta que há de se reconhecer que foram tomadas de medidas restritivas mais intensas. Mas, se não houver cautela nesse momento de retomada, atenção aos sintomas, testagem aos primeiros sinais de uma possível infecção e isolamento das pessoas em casos positivos, inevitavelmente haverá mais uma vez uma curva ascendente e consequentemente mortes.
Ele frisa que a Capital oferece suporte para vários municípios menores que não dispõem do atendimento especializado, principalmente UTI e por isso, os cuidados devem ser coletivos. Os municípios que não estão tomando nenhum cuidado acabam enviando pacientes para a Capital, sobrecarregando o sistema de saúde local. Isso, conforme o infectologista, pode trazer uma insegurança para a população fazendo com que ela acredite que as medidas de restrições não funcionam.
“Cada município sozinho não resolve o problema, é preciso mudar de estratégia para tentar colher resultados diferentes, caso contrário continuamos sofrendo com esse caos instalado”.