Atingida pelos incêndios de 2020, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN Sesc Pantanal) está inserida em diferentes pesquisas de recuperação no bioma
Recuperar e proteger a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do Brasil (RPPN Sesc Pantanal), atingida pelos incêndios de 2020 no Pantanal mato-grossense, é a principal finalidade do projeto assinado entre o Polo Socioambiental Sesc Pantanal/Departamento Nacional do Sesc e a Fundação Pró-Natureza (Funatura). Com duração de 18 meses, a pesquisa prevê o reflorestamento parcial de áreas de mata seca, criação de poços artesianos e elaboração do Plano de Manejo Integrado do Fogo (MIF).
Dos 108 mil hectares da reserva do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, localizada em Barão de Melgaço-MT, 30 hectares fazem parte da pesquisa “RPPN Sesc Pantanal – Recuperando e Protegendo” com o reflorestamento da mata seca. Os poços artesianos devem ser construídos na área central da reserva, considerada mais seca pela distância dos rios Cuiabá e São Lourenço, que ficam nas divisas. Já o Plano de MIF será elaborado para contemplar toda a extensão da unidade de conservação. Do total da área, que representa 2% do Pantanal mato-grossense, 93% foram atingidos pelos incêndios de 2020, em níveis diferentes de intensidade. Desde então, a instituição tem empregado esforços para a recuperação da unidade.
A superintendente do Polo Socioambiental Sesc Pantanal, Christiane Caetano, destaca que o projeto reforça as ações do Polo para a prevenção e combate aos incêndios e amplia os esforços de recuperação das paisagens, principalmente após os impactos dos incêndios de 2020. “Com o projeto voltado para outras paisagens, como a mata seca, será possível gerar conhecimento sobre como ela se reestabelece e como a recuperação se dá ao longo do tempo. Para isso, vamos considerar o ciclo de um ano após o incêndio de 2020 e mais um ano e meio referente ao período do projeto”, explica.
Área de pesquisa do MIF, a RPPN Sesc Pantanal parte agora para o uso efetivo da técnica, iniciando a elaboração de um plano, diz a gerente de Pesquisa e Meio Ambiente do Sesc Pantanal, Cristina Cuiabália. “Esse passo é importante, pois será uma referência no bioma. Já temos essa experiência com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), enquanto pesquisa, e vamos iniciar de fato todo o passo a passo para o Manejo Integrado do Fogo em si”, ressalta.
Década da restauração
O superintendente Executivo da Fundação Pró-Natureza, Pedro Bruzzi, destaca a relevância do projeto como uma das ações que atendem aos objetivos da Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas, definida para ocorrer entre 2021 e 2030.
“A Funatura já tem um histórico de atuação na RPPN e esse projeto é muito importante, pois a recuperação e restauração são nossas prioridades. Estamos na década da recuperação, determinada pelas Nações Unidas, e essa iniciativa é uma grande oportunidade para desenvolver metodologias e formas de recuperar esse tipo de vegetação, atingida pelos incêndios em 2020”, declara.
A Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas 2021-2030 é uma convocação para a proteção e revitalização dos ecossistemas em todo o mundo, em benefício das pessoas e da natureza. Tem como objetivo deter a degradação de ecossistemas e restaurá-los para alcançar os objetivos globais. Isso inclui a construção de esforço político para a restauração, bem como milhares de iniciativas locais.
Ações iniciais
No primeiro trimestre da pesquisa será feito o detalhamento do plano de trabalho, com o reconhecimento e definição das áreas. De acordo com o coordenador de projetos da Funatura, César Victor do Espírito Santo, a ideia é utilizar diferentes tipos de metodologias de recuperação, envolvendo comunidades pantaneiras.
“Assim, será possível definir a mais adequada para replicar em outras áreas fora da reserva e que possa ser usada por pessoas, propriedades privadas e até mesmo o setor público. Outra vertente é trabalhar com a instalação de poços artesianos em áreas estratégicas da reserva para facilitar a obtenção de água. Com esse trabalho integrado, pretendemos contribuir para a conservação deste bioma tão importante”, completa.
A pesquisa faz parte do projeto “Estratégias de Conservação, Restauração e Manejo para a Biodiversidade da Caatinga, Pampa e Pantanal (GEF Terrestre)”, iniciativa do governo brasileiro, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF), tendo como agência implementadora o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e como agência executora o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO).
Funatura
A Funatura atua há 35 anos com a missão defender o meio ambiente no Brasil, com ênfase na manutenção da diversidade biológica e na melhoria da qualidade de vida da população, contribuindo para o uso sustentável dos recursos naturais em todos os biomas do país, de modo geral, e nos biomas Cerrado e Pantanal, em particular.
Polo Socioambiental Sesc Pantanal
O Polo Socioambiental foi criado há 25 anos pelo Departamento Nacional do Sesc com a missão de promover a conservação da natureza, a educação ambiental, o turismo responsável, a pesquisa científica e a ação social no Pantanal, com proporções que beneficiam toda a humanidade.
Há 10 anos, a instituição expandiu sua atuação para o Cerrado, bioma conhecido como a caixa d’água do Brasil, para cuidar das nascentes do Rio Cuiabá, responsável pelo ciclo de inundação fundamental para a grande biodiversidade do Pantanal. Ao todo, o Polo é formado por nove unidades nos municípios de Poconé, Barão de Melgaço, Rosário Oeste e Várzea Grande. (Assessoria)