A vida da mulher que trabalha fora de casa e ainda realiza tarefas domésticas não é fácil e geralmente bem exaustiva. As preocupações do dia-a-dia são inúmeras e o estresse acaba gerando problemas de saúde, psicológicos ou até mesmo familiares. “A mulher tem conquistado e buscado cada vez mais espaços. Teve um ganho, mas todo ganho tem perda, principalmente, quanto ao tempo que a mulher dedica a si mesma, aos filhos e ao marido”, comentou a psicóloga Cristina Maria Meira Canavarros, especialista em atendimento a casal e à família. Além de reservar algum tempo para se dedicar a si mesma, Cristina Canavarros entende que a mulher precisa ser proativa, falar abertamente e claramente com o companheiro quando estiver cansada e sobrecarregada. “A mulher tem que ser proativa, conseguir organizar a vida e dar autonomia para os filhos, dividir os afazeres e as responsabilidades com o marido”, aconselhou. Entretanto, conforme a psicóloga, a mulher só costuma pedir ajudar quando está no limite e com sintomas de pressão, crise nervosa ou doença mais grave. “Hoje, as mulheres têm mais problemas cardíacos e mais depressão que com os homens”, alertou. A vendedora Letícia Aparecida da Silva, 33 anos, sabe muito bem o que significa trabalhar fora, cuidar da casa e dos três filhos de 3, 11 e 15 anos. “Minha filha de 15 anos até que ajuda. Mas ainda assim é muito cansativo”, contou. Segundo Letícia da Silva, mesmo aos fins de semana praticamente não sobra tempo para que ela cuide de si mesma. “É tanta faxina, roupa e louça para lavar que às vezes não dá tempo nem para fazer as unhas”, comentou. Uma Pesquisa realizada pela organização feminista SOS Corpo e os institutos Data Popular e Patrícia Galvão revelou que 75% da população feminina consultada diz enfrentar uma rotina exaustiva, enquanto 18% não sofre desse problema e 7% não sabe afirmar. Conforme informações da Agência Brasil, “de um total de 800 mulheres pesquisadas, 98% disseram que, além de trabalhar, precisam se dedicar à casa. Destas, 63% recebem ajuda, 10% recebem ajuda paga e 27% estão sozinhas nos afazeres domésticos. A participação dos homens nessas tarefas é baixa, 71% das mulheres não contam com nenhum auxílio masculino”. Entre os resultados do levantamento, chamou a atenção a preocupação das mulheres com a falta de tempo para se cuidar. Do total de 68% de entrevistadas que reclamaram de falta de tempo, 58% queixaram-se de não conseguir dedicar momentos a elas mesmas. O restante das entrevistadas reclamou de não possuir tempo para ficar com família e filhos (46%), para se divertir (42%) e para dormir e descansar (32%). Entre todas as mulheres ouvidas, 60% disseram dormir menos do que oito horas por noite. Apesar da rotina corrida e da falta de tempo, 91% das mulheres consideram o trabalho fundamental para suas vidas, conforme informações da Agência Brasil. A pesquisa apontou que as principais melhorias que poderiam ser viabilizadas pelo governo são creche (16% das mulheres consultadas) e transporte (16%). Em seguida ficou emprego (14%), ensino para elas (10%), salário (8%) e escola para os filhos (7%).