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Turismo, MT e os países andinos
Por por Alfredo da Mota Menezes
28/04/2023 - 09:23

Foto: reprodução

MT perde no turismo e no comércio. Qual é melhor: direto de avião a Lima ou por terra conhecendo a cultura inca?

 

Outro dia a coluna falou sobre comércio de Mato Grosso com os países dos Andes. O estado teria que ter também uma aproximação maior no turismo com a comunidade andina. Somos fronteira com essa região, mas a coisa não deslancha. Compare com Mato Grosso do Sul. Lá tem asfalto para a Bolívia partindo de Corumbá. Por consequência, MS está ligado aos países dos Andes por asfalto.

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Fronteira entre Brasil e Bolívia (Foto: Reprodução)

 

Tem ligação também por voos aéreos. O aeroporto de Campo Grande é de fato internacionalizado. MS é um dos estados do país que mais recebe turistas internacionais. Nem se compara o número de turistas dos Andes em MS com Mato Grosso. E MT tem mais lugares turísticos do que o MS. Lá com o Pantanal e a região do Bonito. Aqui com Chapada, Pantanal, Araguaia, a parte amazônica e Cuiabá e sua história.

Em MS a coisa está andando. No caso de Mato Grosso se tem o asfalto de Cáceres a San Matias e pronto. Dentro da Bolívia, entre San Matias e Concepción, faltam cerca de 300 km para ser asfaltado. Chegando a Concepción o caminho por asfalto se abre para muitos lugares.

A Bolívia fez o asfaltamento para a fronteira do MS. Para o nosso lado a coisa não deslancha. Não é MT que vai resolver isso porque o que se precisa é o asfalto dentro do país vizinho. Como sonhar não custa nada, enveredo por aí.

Por que não buscar uma conversa com os bolivianos para se ver a possibilidade do Brasil, através do BNDES, financiar este asfalto? Já houve, lá atrás, zumbidos nessa direção.

Deveria ter um trabalho de aproximação e prospecção de agentes do estado junto ao governo do Bolívia para ver se aceitam essa hipótese. Se isso ocorresse, MT estaria ligado aos países andinos por asfalto. Um lugar com mais de 150 milhões de habitantes. Se dez por cento desse total fizesse turismo regional já seria quase cinco vezes a população de MT

É trabalho de longo prazo de aproximação, não só de um governo e momento. Cáceres, como seria o lugar mais beneficiado, deveria enfrentar o desafio de coordenar essa perspectiva sobre turismo por com os países dos Andes.

Não tem lógica, nessa altura da vida mundial, países vizinhos de costas para o outro. Não somente turistas dos Andes poderiam visitar o estado, também gentes daqui poderiam ir de carro ou ônibus por asfalto a tantos lugares dos Andes. Falta o asfalto dentro da Bolívia. MT perde no turismo e no comércio. Qual é melhor: direto de avião a Lima ou por terra conhecendo a cultura inca?

É preciso ainda internacionalizar de fato o aeroporto Marechal Rondon. Por que o MS já tem isso e aqui não? Por que lá tem ligação asfáltica com os Andes e aqui não? Até o Acre tem asfalto para Bolívia. Tem alguma cabeça de burro enterrada em algum lugar por aqui.

É preciso criar um diálogo maior e constante com o governo boliviano. Hoje, por vários motivos, precisamos mais deles do que eles de nós.

 

Alfredo da Mota Menezes, nasceu em Poxoréo, MT. É formado em História pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Franca (1968) e Direito pela Faculdade de Direito de Franca (1969). Fez mestrado (1982), PhD (1984) e pós-doutorado (1988-1989) em História da América Latina pela Tulane University, nos Estados Unidos. Lecionou como professor visitante na mesma universidade entre 1994 e 1995. Foi professor titular na Universidade Federal de Mato Grosso. É profundo conhecedor da história política de Mato Grosso. Alfredo é comentarista diário no Jornal Primeira Página, na Centro América FM.

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