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Reprovado, projeto que cria Dia do Orgulho LGBTQI+ em Cáceres continua gerando polêmica
Por Sinézio Alcântara/Expressão Notícias
13/06/2023 - 15:13

Foto: reprodução

'Foi uma vitória do Cristianismo' diz pastor; 'luta contra a homofobia não acaba hoje' afirma Pastorello

 

 

Reprovado pela maioria dos vereadores, na manhã desta segunda-feira (12/06), o Projeto de Lei nº 08/2023, que instituiria data para o dia do Orgulho LGBTQI+ em Cáceres, continua gerando polêmica entre contras e a favor, mesmo depois do desfecho.

     “Foi uma vitória do Cristianismo” resumiu o pastor Izaque Alves Barbosa, das Igrejas Unidas por Cristo, ao comentar a reprovação do projeto na sessão da Câmara. “A luta contra a homofobia não acaba hoje” reagiu o autor vereador Cesare Pastorello (PT).
 

     O projeto foi votado, depois de três meses de protocolado na Câmara Municipal. Durante esse período, em duas oportunidades, ele foi retirado da pauta nos dias 17 de abril e 8 de maio, o que irritou o presidente da Câmara, vereador Luiz Landim ao afirmar que “isso está causando desgaste nesta Casa”

     Além do autor, votaram pela aprovação os vereadores Leandro dos Santos (UB), Mazéh Silva (PT) e Franco Valério (Pros). Defensora da proposta vereadora Valdeníria Ferreira (PSB), chegou atrasada para votação. Mesmo não alterando o resultado, assim que chegou ela fez questão de dizer que votaria pela aprovação.

      Votaram pela reprovação, os vereadores Celso Silva (Republicano), Rubens Macedo (PTB), Manga Rosa (PSB), Flávio Negação (UB), Isaias Bezerra (Cidadania), Pastor Júnior (Cidadania), Jerônimo Gonçalves (PSB), Marcos Ribeiro (PSDB) e Lacerda do Aki (PRTB).

     “Não temos nada contra a comunidade LGBTQI+. Pelo contrário, nós a respeitamos e os amamos. O que não queremos é um dia específico para comemorar Orgulho LGBTQI+” acrescentou o pastor Izaque.

     Mais incisivo o vereador Cesare Pastorello disse que “Se Jesus estivesse, hoje, encarnado entre nós, seria criticado e, talvez, até crucificado novamente, por esses que “se dizem” os defensores da palavra de Deus. Os NeoFariseus são movidos a ódio, a discursos inflamados de segregação e de preconceito”.  

     E acrescentou “o Jesus que eu sigo é o Jesus do amor, do acolhimento, que recebe a todos que o procuram.

A luta contra a homofobia não acaba hoje. Os homofóbicos estão comemorando uma vitória de Pirro com a

reprovação, porque foram expostos e alguns vão responder criminalmente”.

     Disse ainda que “Cáceres ganhou visibilidade nacional com uma pauta de defesa dos direitos das pessoas, dos direitos humanos.  A população LGBT existe, e é importante para nós”.

Projeto polêmico

     Desde que foi protocolado, há mais de três meses, o projeto que institui data para o Dia do Orgulho LGBTQI+ em Cáceres foi considerado polêmico e dividiu opiniões. Vários segmentos da sociedade se manifestaram contra ou favor.

     Por um lado, petistas, movimentos sociais defensores da causa LGBTQI+ e instituições da sociedade, a exemplo do Ministério Público (MP) e Ordem dos Advogados do Brasil Seccional de Cáceres se manifestaram a favor.  Por outro, grupos religiosos formados por católicos e evangélicos, contra.

    Assim como representantes, principalmente, da OAB, pastores de várias designações evangélicas e representantes da Igreja Católica, se reuniram com frequência na Câmara, no sentido de convencer vereadores a votar contra ou favorável ao projeto.

    Os religiosos – crentes e católicos – entendem que a medida seria uma ameaça à “família tradicional”.

     Afirmaram que todos são iguais “perante Deus” e que merecem ser respeitados. Além disso, argumentaram que nacionalmente já existe a data do Dia do Orgulho LGBTQIA+, comemorada em 25 de março, e que por isso não seria necessário estabelecer um evento dessa natureza no calendário do município.

    Favoráveis à aprovação defenderam a tese de que se trata de um projeto simples, e que nem de longe representaria um risco ao que os evangélicos entendem como família tradicional.

MP ouviu acusados de homofobia

     Após denúncias de supostos discursos homofóbicos, feitos pelo vice-presidente da Câmara e alguns líderes de igrejas evangélicas, em uma reunião realizada, no plenário da Casa, no dia 11 de abril, o Ministério Público, em Cáceres ouviu vários acusados.

     Entre eles, o vice-presidente, vereador Pastor Júnior.  Ao MP, o líder religioso reafirmou sua  posição contrária ao projeto, no entanto, negou qualquer manifestação homofóbica.

    “Eu não sou homofóbico ou preconceituoso. O fato de manifestar contra não quer dizer que eu seja. Onde está a nossa liberdade de opinião? Na minha igreja existem vários membros gay e nem por isso são discriminados. Eu os amo como todos os outros. Mas, nem por isso sou a favor do projeto” disse.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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