As pesquisas demonstram que pessoas que são vítimas de rejeição social, bullying, abuso sexual, dependência química, tem uma maior predisposição a terem ideação suicidas
A ideação suicida é algo sério que nos últimos anos vem atingindo em sua maioria das vezes nossos adolescentes e adultos jovens de 15 a 29 anos ao redor do mundo, mas o que é a ideação suicida? Por que e como isso ocorre? E como podemos ajudar? Simplificando o conceito de ideação suicida podemos categorizá-lo em três níveis que são eles:
Ideação Suicida: Todo pensamento autodestrutivo, de autolesão de si, pensamentos que invadem o sujeito levando a pensar na sua desvalorização - momento em que o sujeito - começa a acreditar que sua vida não tem valor, nem importância para ninguém e por isso precisa tirar sua vida.
Tentativa de Suicídio: Quando o sujeito atenta contra sua própria vida durante esse percurso, ele se autossabota deixando pistas ou mesmo avisando a determinadas pessoas que irá cometer tal ato (entenderemos o porquê ele se autossabota quando chegarmos as causas do suicídio).
Suicídio em si: Quando o sujeito consegue cometer o ato de retirar sua própria vida.
As pesquisas demonstram que pessoas que são vítimas de rejeição social, bullying, abuso sexual, dependência química, tem uma maior predisposição a terem ideação suicidas, pois todos eles passaram ou passam por experiências de interação social que lhe geraram traumas. Traumas que surgem com a tentativa de interagir socialmente após serem diminuídos ou tiveram seus corpos violados/invadidos fazendo com que esses pensamentos autodestrutivos invadam seu cotidiano e aos poucos se tornem uma verdade passando assim da ideia para o ato suicida.
Como podemos ajudar?
Para conseguirmos ajudar um sujeito com ideação suicida precisamos entender o que realmente ele está querendo matar, lembra que dissemos que “o sujeito que atenta contra sua própria vida se autossabota, contando a determinadas pessoas e construindo (inicialmente) planos de como tirar sua vida repleto de falhas”, é porque ele na verdade não busca a morte de si, e sim, matar a dor causada pelas frustrações ocorridas.
É essa dor, que na maioria das vezes, foram causadas por interações sociais que ele quer se livrar (matar).
Quando uma pessoa com ideação suicida começa a dizer à família ou amigos, frases do tipo: “eu vou me matar”, “eu quero morrer”, “eu não mereço a vida” - geralmente são ditas para aqueles que o sujeito espera demonstração de afeto; e a melhor forma que podemos ajudá-lo é buscando apoio psicológico profissional de psicólogos, psiquiatras e de todas as pessoas e instituições que dão suporte a essas questões para que juntos possamos construir a melhor estratégia de enfrentamento.
Em minha prática clínica já tive vários pacientes com ideação suicida associadas ou não a outros transtornos psicológicos como a depressão, dependência química e os transtornos ansiosos e posso dizer com toda certeza de que a intervenção precoce é a melhor forma de ajudar na prevenção do suicídio. As terapias psicológicas fazem total diferença no tratamento.
É claro que traduzir de maneira simplificada este tema, não é reduzir uma questão tão complexa como esta. O intuito é explicar de uma maneira lógica o assunto a fim de oferecer acessibilidade a toda a população. Se há informação há maneiras de buscar ajuda.
Nailton Reis é psicólogo clínico, especialista em Neuropsicologia Cognitiva Comportamental, Avaliação Psicológica e Psicologia do Trânsito