Chegamos ao Outubro Rosa, mês de combate ao câncer de mama feminino e então iniciaremos uma série de artigos explicando o que significa ter essa doença e seu peso psicológico; a melhor maneira que parentes e amigos podem fazer para ajudar a superar; quais as questões psicológicas que podem acometer as pessoas que passam por essa doença e como montar sua rede de apoio.
É extremamente importante falarmos do câncer de mama feminino pois ele é o segundo tipo de câncer que mais ocorre no mundo e o primeiro tipo de câncer que mais ocorre entre as mulheres, raramente ocorre nelas antes dos 35 anos, porém sua frequência só cresce entre as mulheres acima dessa idade. No Brasil, o câncer de mama feminino é o principal tipo de câncer que mais mata mulheres entre 40 a 69 anos, tendo essas informações o Estado desde 2002 instituiu no Brasil o mês de outubro como o mês de combate ao câncer de mama feminino. O país segue tendências internacionais e estabelece diversos critérios e ações tais como: conscientização, intensificação da prevenção, avanços científicos no tratamento, divulgação de números estatísticos e elaboração de novas estratégias para o enfrentamento.
O principal agravante dessa doença é o seu diagnóstico tardio, pois segundo as pesquisas 57% dos casos eles acontecem quando a doença já se encontra em seu estado avançado, isso diminui a possibilidade de cura e aumenta a os danos psicossociais para as mulheres, pois na maioria dos casos a intervenção mais utilizada é mastectomia (retirada cirúrgica de toda a mama), quimioterapia e radioterapia que deixam sequelas na vida da paciente como um todo.
A Identidade Feminina e Mastectomia: danos psicológicos
Na nossa sociedade, os seios femininos têm várias funções para o corpo da mulher e sua formação de identidade como pessoa, pois eles são utilizados para amamentação e cuidado com a criança, no ato da sedução, legitimação do sujeito como pertencente ao gênero feminino são as funções do seio.
Grande parte dessas funções são perdidas através da mutilação das mamas causando danos psicossociais que podem ser o início do surgimento de diversos transtornos tais como: Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Transtorno Depressivo, Ideação Suicida, transtornos de humor e transtornos ansioso etc. Considero essas questões durante/pós-câncer de mama femininos tão relevante que farei um artigo voltado para essa análise.
Prevenção a melhor saída
A prevenção pode diminuir drasticamente os danos causados pelo câncer pois quando o diagnóstico é feito de maneira precoce as possibilidades de cura são intensificadas, em muitos dos casos não são necessários a retirada total das mamas e diminui a também a possibilidade de retorno do câncer e de morte da paciente.
O autoexame das mamas é um exame eficiente e que pode ser feito pelo próprio paciente, em meu instagram postei um vídeo no qual uma modelo demonstra claramente como fazer o autoexame das mamas que deverá ser feito mensalmente após o período menstrual. A avaliação médica deverá ser feita periodicamente e a mamografia deverá ser indicada pelo médico.
Se você mulher perceber alguma alteração nas mamas busque ajuda o quanto antes; se mantém relações com uma mulher, tem filhas ou amigas aconselhe a elas fazerem o autoexame e caso percebido algum nódulo, caroço ou qualquer coisa estranha não hesite em levá-la ao médico pois você salvará uma vida.
Se você foi diagnosticada com câncer de mama então busque entender sobre a doença, em hipótese nenhuma abandone o tratamento, busque grupos psicoterápicos sobre o tema pois isso te dará uma base para montar estratégias para enfrentar os problemas que virão. Faça psicoterapia individual também, pois isso aliviará suas tensões internas causadas pela doença, desta forma você estará montando sua rede de apoio para enfrentar essa doença e aumentará sua possibilidade de vitória e diminuição dos danos que ela poderá causar.
Nailton Reis é Psicólogo e atua na área de Neuropsicologia, Avaliação psicológica e Psicologia Clínica.