‘Choque de gestão’ provoca polêmica
Por Diário de Cuiabá
25/03/2013 - 17:26
Menos de três meses se passaram desde que Mauro Mendes (PSB) assumiu a prefeitura de Cuiabá. Mas já houve tempo suficiente para ele implantasse uma espécie de choque de ordem na cidade, com medidas que podem ser consideradas impopulares para certos setores.
Carros estão sendo guinchados, motociclistas clandestinos, cercados pela fiscalização, e proprietários de terrenos baldios, multados por falta de limpeza. No início desta semana, ele anunciou uma série de ações judiciais para cobrar os maiores devedores do município, além de finalizar um cerco a comerciantes sem alvarás.
Apesar de ganhar a antipatia das pessoas atingidas pela medida, o gestor afirma que continuará com as ações. As medidas já estão até sendo questionadas por vereadores, que na tribuna da Câmara de Cuiabá querem saber para onde segue, por exemplo, o dinheiro arrecadado nas autuações. O vereador Allan Kardec (PT) chegou a pedir uma explicação sobre o destino do dinheiro arrecadado com estas ações.
Mendes, no entanto, declara que está fazendo o correto, e que se outros gestores não aplicaram as leis, não cabe a ele comentar. Reconhece ainda que num primeiro momento as medidas podem ser consideradas impopulares, mas que com o tempo a população vai entender que é o melhor até para o exercício da cidadania. “Não tenho medo”, afirma.
Somente na primeira semana de autuações no trânsito, 83 carros foram guinchados nos principais pontos da capital. As ações podem causar estranhamento num primeiro momento, pois não ocorriam com tanta força enquanto outros prefeitos estavam no poder. Está sendo avaliada ainda por fiscais a aplicação de multas para quem jogar lixo em locais públicos.
Para o líder do prefeito no parlamento municipal, o vereador Leonardo de Oliveira (PTB), as regras já existiam anteriormente, mas não estavam sendo cumpridas e são necessárias para dar um “choque de gestão”. Ele confia que apesar de não terem apelo popular, por “mexer” no bolso do cidadão, a população vai estar ao lado do Executivo municipal e admitir que os atos são positivos.
“Essas regras já existiam, mas não estavam sendo cumpridas. Ele [Mendes] está fazendo a maneira correta um modelo de gestão. Se ele não aplicá-las, a cidade vai ficar sem lei. Precisamos dar um choque de gestão e a população vai estar do nosso lado. Quem não gosta de ter onde estacionar, ou uma pessoa com deficiência de ter acessibilidade?”, questionou.
Allan Kardec, entretanto, que anteriormente já questionou em específico a ação de guinchar veículos, destaca que não é contra a punição de quem estaciona irregularmente, mas indaga que a cidade ainda não possui gestão pública para contornar esses atos, como aumento de número de vagas nas ruas.
Atualmente, poucas vagas gratuitas são disponibilizadas na cidade, e quem precisa sair às ruas, por muitas vezes, tem que desembolsar dinheiro nos estacionamentos privados. Dessa forma, o petista enfatiza que é necessário dar uma contrapartida, porque até o momento os atos têm sido somente punitivos.
“Não sou contra a punição e contra a aplicação da lei. Quero saber os critérios que a prefeitura realizou para a contratação das empresas de guincho e saber para onde vai o dinheiro”, reiterou.
O caráter primeiramente com intuito de punir também é questionado pelo vereador Toninho de Souza (PSD), para quem Mendes primeiramente deveria ter articulado junto à Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTU) uma campanha educativa. O social democrata disse ainda que a prefeitura está iniciando uma estrutura de arrecadação.
“A prefeitura está aproveitando os problemas direcionados ao trânsito para criar uma “estrutura de arrecadação” por meio de multas e guincho. O “endurecimento” da fiscalização é precipitado, porque Cuiabá não dispõe de espaços de estacionamento. De maneira nenhuma, defendo os infratores”, garantiu.