Os pesquisadores do Instituto Federal de Mato Grosso, Campus Cáceres Milson Evaldo Serafim e Juberto Babilônia de Sousa apresentam estudos sobre o Pantanal em Encontro de Saberes Territoriais Latino-Americanos, Egal realizado durante esta semana em Lima, no Perú. O encontro reúne pesquisadores de toda a América Latina para discussão de temas relacionados à ocupação e uso das terras. Além da publicação de artigo científico completo, os pesquisadores socializam no evento o trabalho intitulado Contribuição dos atributos morfológicos, físicos e químicos de solos nos processos erosivos das margens do rio Paraguai no trecho de Cáceres a Ilha de Taiamã, Mato Grosso, Brasil. O trabalho é resultado de projeto de pesquisa que monitora o aporte de sedimentos e a qualidade da água no corredor fluvial do rio Paraguai entre a foz do rio Bugres e a Reserva Ecológica da Ilha de Taiamã, no sudoeste de Mato Grosso. Segundo os pesquisadores, durante as atividades de campo do trabalho pôde-se observar alterações na dinâmica natural do rio, tendo entre os fatores responsáveis pelas alterações as intensas transformações econômicas que a região passa em decorrência da pecuária, do turismo e mais recentemente no processo de implantação da hidrovia Paraguai-Paraná. O incremento do turismo, por exemplo, vem acompanhado do aumento na circulação de embarcações rápidas no rio, gerando ondas com alto nível de energia que chegam até às margens. O transporte de produtos agrícolas por via fluvial exigiu a dragagem de vários pontos do canal, fatores que alteram a dinâmica natural do rio. Para o pesquisador e professor Milson Serafim, doutor em Ciências do Solo, o uso das terras contidas na Bacia do Rio Paraguai pode trazer benefícios à sociedade. O problema, segundo o docente, é que as modificações estão sendo feitas sem um conhecimento adequado do sistema fluvial, e consequentemente, sem um planejamento que permita a minimização dos seus efeitos sobre o rio Paraguai. “A situação é agravada pelo fato do rio ser um importante contribuinte do pantanal mato-grossense”, afirma Serafim. Segundo o pesquisador, o estudo que está sendo apresentado no Perú gera informações que somados a outros resultados do projeto e pesquisas já realizadas na região, servem de base para o planejamento de políticas públicas, na busca do desenvolvimento sustentável da região. A pesquisa integra a Rede de Estudos Sociais, Ambientais e de Tecnologias para o Sistema Produtivo na Região Sudoeste de Mato Grosso, Rede Asa, que tem como instituições parceiras, além do IFMT, a Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). O projeto recebe apoio de agências de fomento como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, CNPq e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso, Fapemat. Destaque para Pantanal Segundo os pesquisadores a escolha do Egal, como evento para divulgação dos resultados da pesquisa, se baseia na relevância e abrangência internacional do tema, uma vez que o Pantanal é considerado patrimônio mundial da humanidade pela Unesco e que países vizinhos ao Brasil como a Bolívia, Paraguai e Argentina compartilham a bacia do rio Paraguai em seus territórios, podendo sofrer os efeitos de eventuais impactos causados na parte superior do rio. “Vale ressaltar que o interesse por temas que envolvem o Bioma Pantanal Brasileiro e a ligação com este Bioma vai além dos países citados que possuem Pantanal. Devemos considerar que o Pantanal trata-se de uma bacia de sedimentação cuja origem está diretamente ligada ao surgimento da Cordilheira dos Andes, destacando assim, a relevância do entendimento do Pantanal em um contexto maior que envolve os países andinos”, ressalta Serafim. Outros trabalhos e contribuições Além da produção conjunta dos pesquisadores do IFMT Cáceres, o docente da instituição Juberto Babilônia apresenta no evento o trabalho intitulado Elementos traços em água de rios, córregos, nascentes e represa na bacia hidrográfica do Ribeirão Areado, região do Alto São Francisco-MG, resultado do projeto de doutorado em Geociências pela Universidade Federal Fluminense. O pesquisador apresenta também o trabalho Sedimentação no rio Paraguai e no baixo curso dos tributários Sepotuba, Cabaçal e Jauru, Mato Grosso, Brasil, em autoria conjunta com outros pesquisadores da Rede Asa, como a professora da Unemat, doutora em Geografia, Célia Alves de Sousa.