Representantes dos governos municipais e estadual, pesquisadores, organizações da sociedade civil e usuários de recursos hídricos dos setores da agropecuária, energia e indústria reúnem-se para discutir ações de apoio à criação de um pacto em defesa das cabeceiras do Pantanal. O seminário acontece nos dias 10 e 11 de abril, na Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), em Cáceres (MT). A construção do pacto integra o trabalho de mobilização realizado pelo WWF-Brasil e as instituições parceiras nesta região do Mato Grosso, onde se concentram as nascentes dos principais rios que abastecem o Pantanal. O objetivo é estabelecer políticas públicas positivas e integradoras nos municípios que compõem a chamada “caixa d´água” do Pantanal, no planalto da bacia hidrográfica - onde estão as nascentes do rio Paraguai e de seus afluentes - garantindo a harmonia social, econômica e ambiental neste importante patrimônio natural. O encontro é organizado pelo WWF-Brasil em parceira com a Prefeitura Municipal de Cáceres, Centro de Pesquisas do Pantanal (CPP), Unemat, The Nature Conservancy (TNC), Secretaria de Estado de Meio Ambiente do Mato Grosso (Sema), prefeitura de Reserva do Cabaçal, consórcio Complexo Nascentes do Pantanal, Aliança Eco Água Pantanal, Sindicato dos Técnicos da Educação Superior da Universidade do Estado de Mato Grosso (Sintesmat), e conta com o apoio do Programa HSBC pela Água. Durante os dois dias, serão apresentados estudos técnicos e diagnósticos ambientais realizados na região, além de projetos e programas voltados para a redução de impactos, gestão de recursos hídricos e recuperação de nascentes. O evento também contará com apresentações de experiências de mobilização locais e de outros estados, a exemplo dos comitês de bacias hidrográficas e do trabalho de recuperação de áreas degradadas no município de Reserva do Cabaçal. A programação inclui também trabalhos em grupo para o planejamento das ações e intervenções visando à construção do pacto. “Entendemos como fundamental que o pacto seja construído com a participação de todos os segmentos que compõem a gestão de recursos hídricos (poder público, usuários e sociedade civil). Para nós, um pacto só pode ser feito com a participação de todos os segmentos”, afirma Glauco Kimura, coordenador do Programa Água para a Vida do WWF-Brasil. O seminário faz parte das atividades do Programa HSBC pela Água, uma parceira do WWF-Brasil com o banco, voltada para a preservação e conservação de nascentes do Pantanal e que tem como objetivo a construção do pacto. A meta é recuperar pelo menos 30 nascentes nas cabeceiras do Pantanal, envolvendo cerca de 20 municípios na região, com impacto em mais de 700 quilômetros de rios do Pantanal. As ações de conservação nesta região são fundamentais para a manutenção do bioma pantaneiro. Isso porque, apesar da grande contribuição hídrica desses municípios para o Pantanal, estudos apontam que é justamente no Cerrado da bacia hidrográfica que ocorrem os maiores impactos, principalmente devido ao mau uso do solo e à degradação de nascentes. Risco ecológico - Em fevereiro de 2012, o WWF-Brasil lançou, em parceria com a The Nature Conservancy e o Centro de Pesquisas do Pantanal, um estudo sobre a Análise de Risco Ecológico da Bacia Hidrográfica do rio Paraguai. O estudo apontou a degradação de nascentes e barramento de rios que fluem de áreas de planalto (Cerrado) para a planície pantaneira como principais ameaças à conservação da Bacia do rio Paraguai e à sobrevivência do Pantanal. O diagnóstico trouxe elementos importantes para a construção do projeto de conservação das nascentes, que ganhou mais força com a aprovação de uma moção em defesa das cabeceiras do Pantanal. A moção, proposta pelo WWF-Brasil e pelos comitês do rio Sepotuba e do rio Cuiabá, foi aprovada por unanimidade no Encontro Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (Encob), realizado em Cuiabá (MT), em novembro de 2012. O documento, que destaca a importância do Pantanal, Patrimônio Natural da Humanidade conclama as instituições para desenvolver ações que ajudem na proteção das cabeceiras do Pantanal, foi encaminhado ao governo do estado do Mato Grosso, Ministério do Meio Ambiente (MMA), Agência Nacional de Águas (ANA) e aos municípios do estado onde estão as nascentes do Pantanal.