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Confecção artesanal de redes passa a integrar o Patrimônio Cultural
Por Joelma Pontes
07/07/2013 - 08:14

Foto: divulgação
A tradicional arte de tecer manualmente as redes agora é Patrimônio Cultural de Mato Grosso. As redeiras, como são conhecidas estas artesãs, expõem uma técnica centenária de tear belas peças que são conhecidas nacionalmente e em vários outros países. Conhecedor e admirador dos trabalhos das redeiras, o primeiro-secretário da Assembleia Legislativa, deputado Mauro Savi (PR), é autor da Lei 9.936/2013 que declara integrante do Patrimônio Cultural a Centenária Técnica de Confecção Artesanal das Redes Mato-grossenses. A comunidade de Limpo Grande, zona rural de Várzea Grande, 30 quilômetros distante da Capital, é uma referência nesta arte na Baixada Cuiabana. São cerca de 40 mulheres que se dividem entre as atividades domésticas e a arte de tecer redes, que é passada de geração para geração, sobretudo, de mãe para filha. Dona Judith Pereira da Silva (55) é um dos muitos exemplos de mulheres que aprenderam a tecer redes ainda na adolescência. Foi aos 13 anos que tudo começou. A arte exige muita técnica, concentração e paciência, o que a tecelã tem de sobra, mas com um detalhe: aprendeu só em observar a mãe. Assim, ela começou a contribuir com o sustento da família, criou os filhos, e hoje, ainda na função, ajuda a criar os netos. Para ela, a arte de tecer é motivo de orgulho e vai muito além de um trabalho, é também descontração. “Sinto-me privilegiada em aprender essa técnica que já dura mais de cem anos. Faço parte dessa lista de mulheres que aprenderam a tecer desde muito ‘novinha’ e pertenço à terceira geração de mulheres que optaram por essa arte”, disse Judith, ao destacar que as filhas, que também tecem, pertencem à quarta geração e pretendem ensinar os filhos que apesar de ainda serem pequenos já demostram interesse pelo trabalho da avó. Sobre a lei recentemente sancionada, dona Judith acrescentou que a iniciativa de Mauro Savi mostra o reconhecimento de um trabalho que, segundo ela, não é valorizado como deveria. “O deputado (Mauro Savi) está de parabéns. Eu e minha comunidade estamos felizes por saber que alguém está preocupado com a valorização do nosso trabalho e só nos resta agradecer”, observou. As redeiras também são responsáveis por divulgar a fauna pantaneira e outros temas da cultura mato-grossense através dos seus desenhos manuais. Cada profissional leva em média, com uma árdua jornada diária, dois meses para confeccionar uma rede. “A centenária técnica de confecção artesanal das nossas redes é preservada num ir e vir de fios que bordam tuiuiús, araras, violas, tucanos, peixes, cajus entre outras figuras típicas do Estado”, defende o parlamentar. O deputado cita ainda que a arte é pouco valorizada em Mato Grosso, porém admirada pelos turistas, principalmente os estrangeiros. Por isso, o republicano quer fortalecer a tradição, que fomenta a economia de várias famílias da região. Para apresentar o projeto de Lei, Savi recorreu a Constituição Federal que no seu artigo 216 especifica ser patrimônio cultural os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira. Neste item, constituem o patrimônio cultural, as formas de expressão; os modos de criar, fazer e viver; as criações científicas, artísticas e tecnológicas, incluindo, assim, as atividades das redeiras mato-grossenses.
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