A cidade de Cáceres, no Pantanal mato-grossense, recebe essa semana o Projeto Bichos do Pantanal. A Iniciativa, patrocinada pela Petrobras por meio do Programa Petrobras Ambiental, e realizada pelo Instituto Sustentar de Responsabilidade Socioambiental, atuará para ampliar o conhecimento científico e a preservação de espécies como a ariranha, a lontra, aves, peixes e a onça-pintada. A convivência da população local, que tem suas atividades de subsistências ligadas aos cursos d’água do Pantanal, com a fauna pantaneira, as atividades de educação ambiental em escolas da região e a promoção do desenvolvimento local também são importantes focos do Projeto Bichos do Pantanal, que tem início no segundo semestre de 2013. O projeto Bichos do Pantanal tem duração prevista de dois anos e abrangerá o rico bioma da região, com enfoque principal no estudo de ariranhas e lontras - uma das espécies da fauna brasileira menos estudada em seu habitat natural. Também serão focos das pesquisas as espécies de peixes (ictiofauna), de aves e os grandes felinos, como a onça-pintada. A preservação das chamadas “espécies guarda-chuva”, que requerem uma área muito extensa para sua sobrevivência, como os grandes felinos, visa impulsionar a preservação de diversas outras espécies que também habitam o Pantanal. O pesquisador-chefe e mentor do Bichos do Pantanal, o ecólogo Douglas Trent – que já atua na região há mais de 30 anos - e Jussara Utsch, coordenadora geral do Projeto, estarão nas cidades de Cáceres e Cuiabá para reuniões com as autoridades e representantes das comunidades locais. Os encontros objetivam a oficialização do início do projeto e alinhamento de parcerias para as atividades futuras. A cidade de Cáceres, no Mato Grosso, foi estrategicamente escolhida como sede das atividades do Projeto Bichos do Pantanal, pois devido a sua localização na bacia do Pantanal e características únicas possui grande evidência das espécies de fauna foco das pesquisas da iniciativa. A atuação no desenvolvimento local vai ocorrer por meio de atividades de geração de emprego e renda. A conscientização sobre a relação de interconexões entre seres humanos e os animais da região é outra atividade proposta pelo projeto. Também será lançado o programa “Conexão com a Natureza: Conhecer para Preservar uma lição de vida”, voltado aos moradores e comunidades da região cuja economia é basicamente centrada na pesca e agropecuária. Essa mobilização da comunidade local vai formar uma rede de cooperação. O grupo será capacitado por meio da formação de monitores em educação ambiental e guias locais que poderão atender o potencial da região e demanda por orientação aos turistas, aos pescadores e outros prestadores de serviço. A ação visa englobar governos, setor acadêmico, organizações e associações locais com a proposta da preservação do Pantanal. O projeto de educação ambiental terá como público principal pescadores, turistas de pesca e alunos de Educação Básica da cidade de Cáceres e comunidades do entorno das áreas estudadas. O ecólogo Douglas Trent está no Pantanal coordenando as atividades de pesquisa na “Sede Flutuante do Projeto Bichos do Pantanal.” O barco é a base dos estudos que percorrerão o rio Paraguai, no trecho situado entre a cidade de Cáceres até a Estação Ecológica de Taiamã, para a documentação, a análise e o mapeamento das espécies e ambientes contemplados pelo projeto. Douglas Trent possui amplo conhecimento em preservação de espécies e desenvolvimento local, no Pantanal. Ele desenvolve há mais de 30 anos trabalhos na região, como a criação da RPPN Reserva Ecológica do Jaguar, e trabalhos de capacitação de pantaneiros para o turismo sustentável na região de Miranda, no Mato Grosso do Sul. Também é membro do grupo de especialistas da International Union for Conservation of Nature (IUCN) e precursor de estudos científicos sobre a onça-pintada com a utilização de métodos fotográficos. Seu trabalho foi documentado no filme “Living with the Jaguar” (Vivendo com o jaguar), produzido pela TV Pública Alemã e a ARTE TV/França. O documentário foi amplamente divulgado na Europa e EUA, tomando por base a trajetória de Trent em defesa da preservação da onça-pintada e do ecossistema pantaneiro. O Pantanal é uma área de alta diversidade biológica, revestindo-se de grande importância para a conservação. Além de ser declarado Patrimônio Nacional, desde 1988, pela Constituição Federal, é também considerado Reserva da Biosfera Mundial e Patrimônio Natural da Humanidade pela UNESCO. O Pantanal possui fauna exuberante, com 656 espécies de aves catalogadas, 325 de peixes, 98 de répteis, 212 espécies de mamíferos e anfíbios registradas