IMEA aposta no Porto de Cáceres
Por Ascom/Famato
29/09/2013 - 20:10
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) estima que a exportação de grãos no estado pode chegar a 20 milhões de toneladas, ampliando a produção para 39 milhões de toneladas ao ano, a partir da safra 2022, o que representaria um aumento de 73% e 83%, respectivamente. O balanço positivo realizado pelo instituto levou em consideração os investimentos em infraestrutura, sobretudo na construção do porto de Morrinhos, a 80 quilômetros de Cáceres, e na ampliação da ferrovia Senador Vicente Vuolo (Ferronorte), que ligará Porto Velho (RO) e Santarém (PA) e terá um ramal que cruzará Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, com destino final no Porto de Santos (SP).
O novo terminal portuário, que tem apoio dos governos federal e estadual, será uma importante referência logística e econômica, tornando-se ponto crucial para escoamento em grandes embarcações da produção de grãos pela hidrovia Paraguai-Paraná. Além disso, o empreendimento deve atender pontualmente a toda demanda do setor na região. Outro benefício significativo da utilização da hidrovia é a geração de empregos e renda. Como referência logística, com o Porto de Morrinhos a hidrovia Paraguai–Paraná será uma alternativa viável ao saturado Porto de Santos, em São Paulo. Considerado o maior da América Latina atualmente, responde sozinho por 58% do escoamento da produção de soja e 69% do milho de Mato Grosso para outros estados do País e exterior.
Nos trilhos
A Ferronorte, em processo avançado de instalação, concluiu sua primeira fase de obras: completou o percurso de 260 quilômetros do Alto do Araguaia (MT) até o complexo intermodal de Rondonópolis (MT), que terá capacidade de carregamento de 10.000 toneladas em seis horas. O prolongamento do empreendimento à capital mato-grossense e a licitação da Ferrovia Integração Centro-Oeste (Fico) estão programadas para este ano.
Ambos os empreendimentos vão aumentar a produtividade das cidades do Centro-Oeste, reduzir o valor dos fretes e otimizar a distribuição da produção agrícola. Vale ressaltar que, comparado aos demais estados, Mato Grosso possui um dos custos mais altos de fretes. Produtores chegam a desembolsar cerca de U$ 145 por tonelada, para transportar grãos até o porto mais próximo. Segundo o IMEA, a hidrovia Paraguai–Paraná deverá reduzir em 25% esses valores, alavancando a competitividade do estado, tornando-o um dos principais produtores e exportadores de soja, milho e algodão no Brasil.
Para Carlos Henrique Fávaro, presidente da Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho), a diversificação dos modais de transporte em Mato Grosso é fundamental para sustentar o crescimento econômico da região. “A hidrovia e a ferrovia vão desafogar as estradas da região, os portos do Sul e Sudeste e reduzir exponencialmente o custo do frete.”, garante Fávaro.
Preços atrativos
Os empreendimentos têm tornado cada vez mais atrativas cidades distantes dos grandes centros, mas com potencial de crescimento. Cáceres, a 215 quilômetros da capital Cuiabá, é um dos exemplos. O município mato-grossense, conhecido pela atividade pecuarista, tem chamado a atenção dos empresários pelos valores atrativos das terras rurais. Favorecidos pela topografia, regularidade climática e solo propício para agricultura, os lotes estão sendo negociados por cerca de R$ 7.500,00 por hectare, segundo Neto Gouveia, secretário de Agricultura de Cáceres e vice-presidente da FAMATO (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Mato Grosso). Para efeitos de comparação, no município de Sorriso, a 556 quilômetros de Cáceres e 412 quilômetros de Cuiabá, um lote de terra com as mesmas condições para plantio é negociado por R$ 30.000,00, uma diferença que pode chegar a 400%. Importante lembrar que, as áreas disponíveis para plantio, em Cáceres, não precisarão ser desmatadas de modo que a maior parte destas terras eram usadas pela pecuária.
Localizada na região Oeste de Mato Grosso, o município já possui dois terminais portuários para escoamento da produção por meio de comboios e vai receber a liberação para construção do novo porto, que comportará comboios maiores, já em 2014. Francis Maris Cruz, prefeito de Cáceres, explica que os investimentos vão alavancar o desenvolvimento de toda a região. “Os valores competitivos, atrelados aos investimentos públicos em infraestrutura logística, como o novo terminal na hidrovia Paraguai–Paraná, vão gerar oportunidades de emprego, instalação de novas empresas, além de aumentar o portfólio de produtos de importação e exportação, abrangendo um novo ciclo de crescimento para a região”, comenta.
A chegada de novos empreendimentos também está atraindo empresas já instaladas no Brasil para a região. A gaúcha Grendene, tradicional fabricante de sandálias, por exemplo, está atenta às oportunidades e diversificando seu portfólio ao investir na produção rural. “O principal motivo é a posição estratégica da cidade e a construção do Porto de Morrinhos, que será fundamental para o escoamento de nossos produtos”, explica Wilson Corrêa, diretor de Agropecuária da Grendene, que possui uma área de 5.000 hectares em Cáceres, e espera produzir nos próximos anos entre 50 a 55 sacos de grãos de soja por hectare, equivalente a 40.000 toneladas.
Produção agrícola
Os dados atuais de produção e exportação de soja demonstram o otimismo dos empresários. Segundo pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), só em 2012, Mato Grosso produziu 21 milhões de toneladas do grão, sendo o maior produtor nacional. Com representatividade de 29,2% na safra total brasileira, que foi de 65 milhões de toneladas, a expectativa é que, em 2022, o estado responda por 40% da produção.
Segundo o IMEA, a produção total de grãos no Mato Grosso deverá crescer 78% em dez anos, chegando a 68 milhões de toneladas contra os 38 milhões da safra de 2012. O Brasil deve alcançar 222,3 milhões de toneladas, com potencial para chegar a 274,8 milhões de toneladas em 2022, de acordo com estudo Projeções do Agronegócio 2012/13 a 2022/23 do Ministério da Agricultura. Atualmente, o País produz 185 milhões de toneladas de grãos ao ano.