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Violência doméstica:homens presos põem culpa na mulher
Por Diário de Cuiabá
09/03/2014 - 22:56

Foto: ILUSTRATIVA

Dados preliminares de uma pesquisa mostram que a maioria dos homens se sentem vítima e não agressor

 
Desde que foi implantado, em março de 2011, o projeto “Lá em Casa quem Manda é o Respeito”, que funciona dentro do Centro de Ressocialização de Cuiabá(CRC), atendeu 1.580 homens que cometerem crimes enquadrados na lei Maria da Penha(11.340/2006). 

Os crimes decorrentes da relação afetiva representam 16,57% dos que passam por essa unidade prisional. Dados preliminares de uma pesquisa que está sendo desenvolvida pelo coordenador do projeto, o psicanalista Jair José Schuh, aponta que a maioria dos homens se sentem vítima, não agressor. 

Dos 650 que responderam a um questionário aplicado, 329 se posicionaram como vítimas, atribuindo à mulher a agressão que praticaram. Os índices são mais altos no momento em que chegam ao presídio. 

Pelo menos 70% dos que chegam no CRC revoltados, se dizendo dispostos a matá-las porque foram denunciados. Esse também seria o índice dos que choram copiosamente, de raiva ou quando caem na realidade sobre a prisão, o tempo que permanecerão reclusos, a separação da família e tantos outros motivos. 

Sobre as mesas de Jair Schuh e da colega dele, a psicóloga Silvia Helena Torres, chamam a atenção as caixas de lenços descartáveis que precisam ter ao alcance das mãos para que os agressores chorões possam enxugar as lágrimas. 

Jair diz que na condição de psicólogo precisa ajudar o agressor a entender as circunstâncias do crime que cometeu a partir da própria narrativa, sempre com o cuidado de não aceitá-lo como vítima. 

Como é de conhecimento público que a maioria dos maridos reata o relacionamento com suas vítimas após o período de prisão, o projeto, quando as partes aceitam e não há riscos iminentes, promove encontros com o intuito de preparar os casais para a relação fora do presídio. 

Sílvia explica que o projeto dá suporte psicológico e orienta os agressores sobre a importância de respeitar a medida protetiva. Muitas vezes até intermedeia as negociações sobre para onde a mulher deve mandar os objetos do marido para que se mantenham afastados ao recuperarem a liberdade. 

Acontece que o ‘Lá em Casa Quem Manda é o Respeito’ é um das poucas ações públicas em Cuiabá de combate à reincidência da violência doméstica. De iniciativa do Ministério Público Estadual(MPE), esse projeto é executado sob coordenação das promotoras que atuam nas Varas de Violência Doméstica. 

Somando a essa ação, o MPE desenvolve campanhas e programas preventivos, entre as quais a ‘Promotoras Legais Populares’, que consiste na capacitação de mulheres sobre o autoconhecimento, sonhos e perspectivas; garantias de direitos nas relações familiares e organizações sociais; direitos das pessoas em situação de violência, entre outros. 

 
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